12/12/11 17h17

Suécia mira o mercado brasileiro e latino-americano

Valor Econômico

País pequeno e de poucos recursos naturais, a Suécia é líder mundial em inovação, o que alavanca sua economia. Sua competitividade se mede pelo número de doutores e patentes e no alto investimento de suas empresas em P&D. Diante de um mercado internacional estagnado, os olhos desse país nórdico se voltam para o Brasil. Curiosamente, há tamanha quantidade de indústrias suecas instaladas em São Paulo - Scania, Volvo, Electrolux, Tetrapak, Saab, para citar algumas - que a capital paulista só fica atrás de Gotemburgo.

"A Suécia está atrás de parcerias em inovação nos setores de defesa, energia e tecnologia industrial", explica Bruno Rondani, CEO do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB).

Após mudança interna no sistema educacional sueco, que eliminou a educação superior gratuita, as universidades prospectam novos mercados. O projeto Ciência sem Fronteiras, com 75 mil bolsas para brasileiros que buscam especialização, pode encontrar terreno fértil na Suécia, onde a Saab, fabricante de caças, radares e simuladores de voo, tem cem vagas disponíveis para o setor de defesa.

"Ninguém mais consegue financiar o modelo tradicional de pesquisa, com investimentos em grandes laboratórios que caducam quando uma linha de inovação muda. O Brasil interessa aos suecos porque não tem as virtudes da inovação, mas também não tem os vícios que emperram o processo", diz Rondani. Esse cenário de inovação aberta, segundo ele, exige a formação do gestor de inovação, um profissional capaz de lidar com o cientista, o advogado da empresa e o pessoal do financeiro.

Fundador da Induct Software AS, que promove a criação de redes de inovação, o norueguês Alf Martin Johansen está instalando sua empresa em São Paulo, visando os mercados brasileiro e latino-americano. "São grandes mercados emergentes nos quais a inovação é extremamente necessária", justifica. Johansen fundou sua empresa em 2007, com sede em Oslo e escritórios em Londres, Boston e Bangalore, na Índia. A menor das empresas que participa de suas redes de inovação tem apenas 12 funcionários, a maior, 2 milhões. "Nesse novo modelo, em que a inovação não vem de dentro da organização, o que se cria são comunidades e canais de cooperação, inclusive entre consumidores e empresas", afirma. As redes de inovação já atraíram também a atenção de prefeituras interessadas em abrir um canal eficiente de comunicação com seus cidadãos.