16/01/18 12h03

"Startups têm tecnologia para inovar a logística brasileira"

Vanderlei Marques, gerente-geral de inovação da VLI, explica como os empreendedores podem revolucionar o transporte de cargas

PEGN

Com intuito de levar inovação para um setor tradicional como de logística, a VLI decidiu abrir as suas portas para as startups e lançou o projeto Inova VLI.

A estratégia não é à toa. A VLI, uma empresa criada em 2010 pela mineradora Vale em parceria com a Brookfield Asset Management, Mitsui e o Fundo do FGTS, tem como objetivo buscar soluções inovadoras para melhorar a integração entre portos, ferrovias e terminais de cargas.

O Inova VLI desafia as empresas de tecnologia  a oferecerem soluções para cinco dos seus principais problemas logísticos: planejamento estratégico; otimização da gestão de informação; controle sistematizado para relacionamento com a comunidade; integração no processo de gestão de pessoas e monitoramento do volume de carga para evitar perdas.

Segundo Vanderlei Marques, gerente-geral de desenvolvimento de negócios e inovação da VLI, a ideia é que o projeto renda, em curto prazo, parcerias com as startups e, principalmente, tecnologias que inovem o setor de logística.

Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o executivo revela mais detalhes sobre o projeto.

O que é a VLI faz?

A VLI é uma empresa de base ferroviária, que hoje tem uma cadeia de prestação de serviços de logística integrada. Por exemplo, se um cliente quer levar a soja do interior do Brasil para a China, nós oferecemos um serviço de logística integrado, que vai desde o caminhão que transporta o grão para a ferrovia até o transbordo no porto para carregar os navios.

Como as startups podem ajudar vocês?

As grandes companhias possuem uma série de desafios, o processo natural é chamar empresas tradicionais para resolvê-los. Mas nem sempre dá certo. Começamos a perceber, nos últimos anos, que as startups têm soluções que não imaginaríamos que seriam possíveis. Por isso, estamos atrás delas.

O que o projeto Inova VLI quer resolver?

Um dos nossos desafios é referente ao planejamento estratégico. Quando ele fica pronto para ser executado, temos uma grande dificuldade de comunicar [os trabalhos] e acompanhar os projetos que cada um precisa fazer dentro da empresa. Precisaríamos de uma ferramenta que otimizasse esse processo.

O segundo desafio está associado à responsabilidade social e valor compartilhado. Quando a VLI percorre 10 estados e 300 municípios, há uma preocupação significativa de se relacionar com o ambiente que passamos. Procuramos uma solução que melhore a nossa integração com as comunidades.

O terceiro desafio está relacionado com a gestão dos produtos durante a movimentação nos modais rodoviário, ferroviário e marítimo. Ao transportamos a soja pelo caminhão, trem e navio, em cada movimento que é feito de um modal para o outro, uma parte desse produto se perde. Há diversos projetos para tornar esse processo mais eficiente, como por exemplo, melhorar a embalagem.

A gestão de pessoas também é um dos problemas que enfrentamos. Buscamos um sistema que possa promover uma visão integrada de feedbacks, plano de desenvolvimento individual, controle e agendamento de férias, folhas de pagamentos e benefícios e treinamentos.

Outro desafio é otimizar a gestão de informação e conhecimento. Muitas vezes, eu preciso ver o faturamento ou quanto a empresa exportou no mês passado. Nós buscamos uma ferramenta que permita a fácil visualização desses dados.

Quais são as principais demandas do setor de logística em termos de inovação?

A logística tem quer ter a sua premissa de experiência agilidade e baixo custo. Nós buscamos de uma forma definitiva soluções mais tecnológicas. Acredito que o setor precisa ter processos mais digitalizados - muitos ainda são em papéis.

Nós temos startups maduras nesse segmento?

Quando você conhece, percebe que há muitas startups robustas no mercado. Um exemplo que este caminho está bem trilhado no Brasil  é a 99, que se tornou o primeiro unicórnio brasileiro (o termo é utilizado para definir empresas que são avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais).

As startups oferecem soluções tecnológicas muito interessantes. Nós já conhecemos algumas  do programa e sabemos que elas possuem capacidade de atender aos nossos desafios de uma forma robusta. 

O que a startup ganha participando do programa?

Nós contrataremos as startups selecionadas como clientes anjos e pagaremos pelos projetos desenvolvidos. Além disso, oferecemos mentorias para ajudá-las a entender as necessidades da companhia. Faremos um projeto-piloto nos primeiros três meses e depois definiremos os próximos passos com as empresas.

As startups possuem um ritmo diferente os processo costumam ser menos burocráticos, como a empresa está se preparando para lidar com essa cultura diferente?

O projeto foi lançado em janeiro, mas desde novembro do ano passado estamos envolvendo toda a companhia para encontrar melhores formas de trabalhar com as startups. Estamos discutindo com o setor de Tecnologia da Informação (TI)  e o jurídico formatos diferenciados e mais simples de contratar os serviços.

Qual é o legado que esse projeto deve deixar para o mercado brasileiro?

Nós entendemos que indústria de logística é muito tradicional. Queremos deixar de legado startups robustas que cresçam e gerem empregos. Buscamos liderar esse ambiente de transformação da logística do Brasil com startups que têm soluções para os problemas do setor.