Startups expõem na Assembleia Legislativa de São Paulo inovações desenvolvidas com apoio da FAPESP
Exposição busca mostrar como investimentos públicos em ciência, tecnologia e inovação podem se converter em soluções que beneficiam a sociedade e impulsionam o desenvolvimento de diversos setores econômicos
FAPESPDezenove startups de base científica e tecnológica (deeptechs) estão expondo no Espaço V Centenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) inovações com aplicações em diversas áreas desenvolvidas com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP. Elas integram a mostra Expo PIPE-FAPESP – Inovação, empreendedorismo e impacto. Os representantes das empresas participaram da abertura, realizada na terça-feira (10/09). Os pôsteres ficarão em exibição até a próxima quinta-feira (19/09)
Um dos objetivos da iniciativa, realizada pela FAPESP em parceria com o Instituto do Legislativo Paulista (ILP), é mostrar como investimentos públicos em ciência, tecnologia e inovação podem se converter em soluções que beneficiam toda a sociedade e impulsionam o desenvolvimento de diversos setores econômicos.
“Essa exposição está focada em uma das faces de atuação da FAPESP, que é o apoio ao empreendedorismo que nasce da ciência e da tecnologia. É essa parcela da atuação da Fundação que queremos mostrar aqui, que é aquilo que transforma conhecimento em desenvolvimento, ciência em riqueza e que move a economia por meio da criação de empresas”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, na abertura da mostra, realizada na última terça-feira (10/09).
“Essa é uma parcela importante da atuação da FAPESP e do desenvolvimento no mundo porque os Estados modernos hoje se fortalecem quanto mais empregam ciência e tecnologia”, sublinhou o dirigente da FAPESP.
As 19 startups participantes são oriundas de oito dos mais de 160 municípios paulistas onde estão situadas as mais de 2 mil empresas apoiadas pelo PIPE ao longo dos últimos 27 anos, como São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Campinas, Piracicaba, Araraquara, São Carlos e São Manuel.
Em comum, essas regiões do Estado de São Paulo têm alta concentração de universidades, instituições de pesquisa e de empresas intensivas em ciência e tecnologia.
“O PIPE é o programa da FAPESP que está mais difundido por todo o interior de São Paulo. Evidentemente que São Paulo, em razão de seu tamanho, tem o maior número de ‘pipeiros’ – como chamamos os empreendedores apoiados pelo programa –, concentrando cerca de 27% dos projetos. Mas 70% das empresas apoiadas pelo PIPE estão espalhadas pelo interior de São Paulo, cobrindo de Adamantina à Votuporanga”, sublinhou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP.
“Essa exposição é uma espécie de degustação do que é feito no PIPE. Tem 19 empresas, com soluções das mais diversas”, avaliou Pacheco.
Exemplos
Entre as empresas participantes da mostra está a Phelcom, de São Carlos. A empresa desenvolveu com apoio do PIPE um retinógrafo portátil que, acoplado a um smartphone, registra fotos da retina de pacientes em lugares remotos a fim de detectar doenças do fundo do olho, como a retinopatia diabética – uma das principais causas de cegueira evitável na população adulta.
As imagens são avaliadas automaticamente por um sistema de inteligência artificial embarcado na câmera do retinógrafo portátil que roda dentro do aparelho, sem a necessidade de estar conectado à internet (off-line).
“Nosso propósito é democratizar a saúde visual com um equipamento portátil, fácil de usar, que usa inteligência artificial e telemedicina para aumentar a acessibilidade ao exame de retinografia”, disse Flávio Pascoal Vieira, cofundador da empresa.
“É muito legal estarmos mostrando na Alesp como uma parcela do dinheiro do povo paulista [por meio da arrecadação de impostos] foi usada para concretizar o desenvolvimento de um produto médico que ajuda hoje a melhorar a vida de milhares de pessoas”, avaliou o pesquisador.
Outra empresa participante da mostra é a Timpel, de São Paulo. Com apoio do PIPE, a empresa desenvolveu um tomógrafo por impedância elétrica (TIE) que permite a equipes médicas avaliar ininterruptamente e de forma não invasiva, à beira do leito, a condição do pulmão dos pacientes com insuficiência respiratória. Dessa forma, é possível otimizar a ventilação artificial para diminuir o tempo de dependência e, consequentemente, os efeitos colaterais da intubação.
Um dos equipamentos derivados da tecnologia, apresentado pela empresa na exposição, é um tomógrafo não invasivo para bebês prematuros.
“O pulmão é o último órgão que se desenvolve em um bebê prematuro e, se for ventilado com muita pressão, de forma mais agressiva do que a necessária, pode haver uma série de complicações, como displasia broncopulmonar. Isso faz com que a criança fique meses em terapia intensiva”, explicou Rafael Holzhacker, presidente da empresa.
“Estamos muito orgulhosos de poder mostrar nessa exposição aos deputados como os recursos do contribuinte paulista trazem resultados depois de alguns anos”, afirmou.
Já a Cyanochem apresenta na exposição uma solução voltada a minimizar problemas como aconteceu esta semana com o Rio Pinheiros, em São Paulo, que ficou verde em razão da proliferação de algas. Com apoio do PIPE, a startup, localizada em Piracicaba, está desenvolvendo um dispositivo para coleta de microalgas e cianobactérias em ambientes poluídos.
Na avaliação de Murilo Mohring Macedo, secretário-geral da administração da Alesp, o apoio ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, promovido por programas como o PIPE, também pode contribuir para a desburocratização do Estado e facilitar a vida dos cidadãos.
“Os temas de eventos como esse, que buscam promover o empreendedorismo e a inovação, devem ser trazidos para a Alesp porque é aqui que se debate e onde se começa a tornar o Estado mais competitivo e resolutivo e menos burocrático. É essa bandeira que o ILP tem levantado”, afirmou.
Ao longo dos últimos sete anos, o ILP tem realizado, em parceria com a FAPESP, o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, uma série de eventos de divulgação científica dirigidos à sociedade, legisladores, gestores públicos e outras pessoas interessadas nos temas abordados.
A parceria já resultou em mais de 50 eventos, com a participação de 42 mil espectadores, e em quatro publicações sobre os temas abordados nas conferências.
“Essa exposição é só mais uma página da história de sucesso que o ILP e a FAPESP estão construindo. A parceria entre a FAPESP, com a missão de contribuir com o apoio à ciência, pesquisa, desenvolvimento e inovação, e o ILP, com o propósito de promover o conhecimento e o fortalecimento da democracia, tem potencial ilimitado”, avaliou Agnes Sacilotto, diretora-presidente do ILP.
A Expo PIPE-FAPESP – Inovação, empreendedorismo e impacto está aberta ao público entre 9h e 20h. O endereço da Alesp é av. Pedro Álvares Cabral, 201, Moema, São Paulo (SP).