Startups discutem financiamento
valor econômicoA disponibilidade de recursos financeiros é um fator crítico para bancar projetos de inovação desenvolvidos principalmente por empresas nascentes (startups). Com o cenário atual de restrição ao crédito, a alternativa para captação pode ser a chamada indústria de venture capital e private equity (VC-PE).
Para quem pensa em tirar proveito dessa fonte de recursos financeiros, a primeira recomendação é compreender como funciona. Luís Eugênio Figueiredo, vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), conta que essa indústria tem por característica fazer investimento de longo prazo e que a essência do investimento está em compartilhar os riscos do negócio.
Os investidores ou fundos de investimento financiam empreendimentos com alto potencial de crescimento e lucratividade. Mas além de liberar dinheiro, adquirem participação societária, dão suporte à gestão do negócio com base nas boas práticas da governança corporativa e, quando necessário, indicam o modelo de gestão a ser adotado.
"A abordagem é de uma parceria estratégica", observa Figueiredo, acrescentando que a modalidade de investimento "seed capital" se destina à startups, enquanto o "venture capital" tem como foco as empresas que estão em fase inicial de desenvolvimento e o "private equity" visa as organizações consolidadas, em reestruturação e expansão de seus negócios.
O Brasil tem um ecossistema de capital empreendedor importante, com R$ 126 bilhões de capital comprometido, entre recursos que já foram aplicados em empresas e que ainda estão disponíveis para aplicações em novos projetos nos próximos anos. Segundo Figueiredo, 40% do total de processos relacionados à abertura de capital em bolsa (IPO) nos últimos dez anos foram de empresas que receberam aporte da indústria de VC-PE.
A ABVCAP já organizou 16 edições do Venture Forum com o objetivo de aproximar investidores e empresas que precisam de recursos para desenvolver seus projetos ou expandir a operação. O balanço aponta a classificação de 150 empreendedores, dos quais 58 foram contatados por investidores e 11 receberam aporte financeiro.
Presentes ao Summit Inovação no Setor Automotivo, que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), realizou entre os dias 13 e 15, em São Paulo, as startups apontaram a necessidade de financiamento de seus projetos de inovação. A Electric Dreams precisa de R$ 10 milhões para aumentar a escalabilidade do negócio.
Localizada em São José dos Campos (SP), a empresa desenvolveu um carro elétrico com autonomia de 350 km, bateria Li-ion e quatro motores controlados individualmente que garantem uma aceleração de zero a 100 km em menos de três segundos. A produção artesanal - manufatura terceirizada - de 20 unidades por ano se destina a nichos de mercado, mas a estratégia é comercializar separadamente os seus componentes para aplicação em outras áreas, como náutica, agrícola e de energia.
Dois componentes com grande potencial de venda, inclusive para o mercado externo, são o motor elétrico e o sistema de ECU, um rádio que controla o motor, revela Fábio Guillaumon, CEO da Eletric Dreams. "A ideia é que o carro sirva de plataforma para comercialização no mercado de uma série de sistemas que desenvolvemos, validamos e testamos".
Com uma projeção de faturar R$ 40 milhões em 2020, a Virtual Care procura financiamento de R$ 3 milhões para aplicar em pesquisa e desenvolvimento. "A mão de obra na nossa área é muito cara e para competir no mercado é preciso ter dinheiro", diz Valmir Fleischmann, diretor da empresa, que comercializa software de CAE e presta serviços de engenharia.
Em 2015, a Virtual CAE lançou no mercado o software Virtual Pyxis, para aplicação na área de desenvolvimento e simulação virtual, que atende a necessidade das empresas de reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos dotados de número cada vez maior de componentes leves e eficientes. Segundo Valmir, o sistema proporciona até 20% de redução de custos de P&D e de até 30% do peso de componentes.
A catarinense Adnano, que se especializou em soluções de nanotecnologias sustentáveis, desenvolveu um fluido nanoestruturado produzido com matérias-primas que não geram resíduos tóxicos. Uma das vantagens de sua aplicação é permitir o controle e gerenciamento de amortecimento e vibrações. Para fazer o produto atingir escala industrial, Leandro Berto, CEO da empresa, diz que é necessário obter financiamento de R$ 4 milhões.
A Logpix negocia com fundos de investimentos um aporte de R$ 220 milhões. A empresa mineira desenvolveu o software Revolog, comercializado como um serviço, cuja aplicação aumenta a produtividade logística de pátio e reduz os custos diretos em R$ 1,5 milhão no período de um ano.