29/10/15 14h46

Startups começam a atuar no exterior

Valor Econômico

A internacionalização de startups e fundos de investimentos já começa a se tornar uma realidade. A Goboxi, nascida em Santos, desenvolveu um software que ajuda a economizar horas mensais, por meio de um sistema inteligente de gestão de emails, que reduz a quantidade de mensagens eletrônicas a serem respondidas, ao identificar agendamentos ou outras tarefas, otimizando o tempo do usuário.

Em agosto, depois de dois anos de aperfeiçoamentos e muitos palpites de clientes, privates equitys e especialistas na área do Brasil e Estados Unidos, o produto, desenvolvido pela equipe de criação em Santos, litoral paulista, foi lançado em versão ainda gratuita no Vale do Silício, na Califórnia, onde a empresa mantém seu principal escritório de negócios.

A Performa Investimentos é uma das investidoras da empresa nascente, que também conta com recursos de investidores anjos que atuam na Califórnia, que fizeram o primeiro investimento em uma empresa brasileira. "Por quatro anos, viajamos para o Vale do Silício e formamos uma rede de contatos que ajudou a aproximar a empresa desses novos investidores", diz o sócio da gestora, Humberto Matsuda. Uma grande empresa americana, cujo nome não é revelado, está usando o aplicativo internamente e poderá investir em uma parte da empresa. "Isso ajuda a melhorar a criação, porque temos relatórios de erros que permitem fazer mudanças e aprimoramentos."

O fundador da empresa, Christian Barbosa, obteve o visto dos Estados Unidos esta semana e deverá se mudar para os Estados Unidos em breve, para passar mais tempo no mercado americano, cujo potencial para o software é muito grande. Nos Estados Unidos, onde um profissional gasta 28% do seu tempo, em média, lendo e respondendo emails e dedica cerca de 600 horas por ano administrando sua caixa eletrônica, surgiu, recentemente, um movimento chamado Five Sentences, que prega que as mensagens devem conter cinco linhas ou frases.

"A empresa é brasileira, mas o lançamento do produto foi feito no Vale do Silício e a intenção é de que boa parte da sua receita seja conquistada em contratos no exterior, cujo tamanho é um atrativo, ainda mais quando se trabalha com um produto diferenciado", destaca Matsuda. Para ele, ingressar nos Estados Unidos permite crescer com competitividade diferenciada no mercado em que a competição é acirrada.

A Performa Investimentos iniciou há três semanas a captação para um fundo de investimentos em negócios na América Latina, em oportunidades no Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai e México. Serão investidos US$ 120 milhões em empresas entre US$ 200 mil a mais de US$ 10 milhões. Poderão receber recursos mais de 50 empresas nesses países.

Dos US$ 120 milhões a serem captados, metade já está assegurada, sendo que 80% do montante foi levantado no Brasil e o restante nos Estados Unidos. A ideia é que, ao concluir a captação nos próximos meses, metade seja de recursos nacionais e metade de estrangeiros, principalmente americanos e europeus. Os três perfis de investidores são: herdeiros que tenham tido experiência com empreendedorismo e já tenham gerenciado empresas, fundos com foco em mercados emergentes e capital de risco de grandes empresas. "Com esse foco na América Latina, as empresas investidas poderão ter oportunidades de crescimento fora dos seus mercados, podendo internacionalizar seus produtos, se for o caso", apontou o gestor da Performa.