Startup quer transformar cadeiras de rodas em scooters elétricas
'Livre' quer revolucionar o mercado com design inovador, tecnológico e atrativo - e já atraiu grandes investidores
QG BrasilUma delas, por sinal, ganhou a etapa brasileira do concurso The Venture, concurso global de startups sociais promovido pela Chivas: é a Livre, que oferece soluções em mobilidade. Conversamos com Júlio Oliveto, que criou a Livre junto de seu irmão, Lucio. A empresa começou em 2014, oriunda do projeto de mestrado de Júlio. “Depois que eu desenvolvi o primeiro protótipo [que transforma a cadeira de rodas em um veículo elétrico], fiz um estudo de patente que recebeu apoio da UNESP. A partir do início de 2013, começamos a buscar empresas para licenciar a tecnologia e ir para a fabricação”, conta.
Sem muita sorte para conseguir patrocínio, Júlio decidiu abrir a própria empresa – o que só iria acontecer em 2014, depois dele e o irmão participarem de alguns eventos de empreendedorismo. O aporte financeiro foi suficiente para entrar no meio da tecnologia assistiva.
Se engana quem pensa que foi fácil – mas, ao mesmo tempo, as coisas parecem melhorar. Em 2016, a Livre conseguiu nos magnatas da família Klein, das Casas Bahia, sócio-investidores de peso. “De 2013 pra cá, o número de atividades e eventos relacionados a startups vem crescendo bastante. Hoje é possível participar de eventos de diversos setores, criar conexões e expandir seu mundo. Antigamente não se ouvia tanto sobre isso. Quem está envolvido percebe que tudo está crescendo”, diz. “Estamos atrasados em comparação com o Vale do Silício, mas caminhamos para um sucesso bem longo”, especula.
Com a ideia de poder ajudar outras pessoas e ainda assim ter ganhos pessoais – “provar que o negócio era mais do que só ajudar, mas que ele se tornasse viável”, nas palavras do próprio Júlio”, a Livre deve alçar voos ainda maiores em 2017. No momento, a empresa produz de 20 a 25 equipamentos por mês, e a ideia é multiplicar o número em 100 unidades mensais. A ampliação também buscará uma loja modelo em São Paulo, para estudar a implementação de franquias no futuro.
"Hoje o kit Livre é quase uma bicicleta do cadeirante, mas nós queremos um veículo específico, que já estamos desenvolvemos. Não buscamos apenas o produto de uso restrito: a ideia é dar a ele mais autonomia com o veículo próprio. Queremos tirar o caráter hospitalar e oferecer um design inovador, alegre e atrativo", diz.
Julio deseja inovar e oferecer uma espécie de scooter ao cadeirante, em um sistema elétrico que ofereça 150 km de autonomia e uma velocidade máxima de 70 km/h.
A empresa já está presente em 19 estados do Brasil e já efetuou vendas pontuais para Estados Unidos, Alemanha e Austrália. Resta saber se os ventos do empreendedorismo continuarão soprando a favor da Livre. Tudo indica que sim.