Startup desenvolve prédios voltados exclusivamente para estudantes
Uliving tem empreendimentos em Sorocaba e São Paulo; proposta é criar ambiente de integração entre alunos com oferta de salas de estudos e workshops
DCISÃO PAULO - Por meio de parcerias com construtoras e investidores, a startup paulista Uliving desenvolve prédios voltados exclusivamente para estudantes, com salas de estudos e espaços para integração. A proposta da empresa é dar suporte e segurança aos jovens que saem de suas casas para estudar em outras cidades.
Em cada unidade, um profissional contratado pela Uliving fica disponível 24 horas por dia para dar apoio aos estudantes. Além disso, a empresa promove atividades e workshops para incentivar os alunos a explorar outros temas além de seus cursos na universidade.
A Uliving tem atualmente dois prédios em funcionamento. A unidade de Sorocaba (SP), fundada em setembro de 2014, tem 70 alunos hospedados, e a outra, na capital paulista, conta com 63 estudantes. A empresa não informa o faturamento, mas diz que pretende dobrar o valor até o final do ano que vem.
Para 2017, mais dois empreendimentos serão inaugurados em São Paulo, e a projeção é chegar a 375 mensalistas até o final do ano. Outro projeto que está em andamento é na cidade de Macaé (RJ), onde um edifício deverá ser inaugurado em janeiro de 2019.
O trabalho da empresa se divide em duas pontas. A primeira se dá na parte do desenvolvimento imobiliário, em que, juntamente com algum construtor, participa ativamente da obra. "Nós orientamos os arquitetos e trabalhamos junto com eles, pois existe uma linha de projeto padronizada. Participamos do desenvolvimento da infraestrutura, hidráulica, automação, sempre pensando na operação lá na frente", explica Juliano Antunes, CEO da Uliving.
Em seguida, a startup administra e passa a modelar o prédio com todas as ferramentas que deseja oferecer aos estudantes. A proposta é transformar o edifício em um ambiente de integração entre os alunos, além de garantir aos pais que eles estejam hospedados em um local seguro longe de suas casas.
"Nas áreas comuns, desenhamos espaços para convivência entre eles para que possamos deixá-los mais próximos uns dos outros, e que troquem experiências entre sí", diz Antunes. De acordo com ele, isso faz com que os empreendimentos se tornem comunidades e proporciona ao aluno "pensar além do mundo dele de só estudar".
Uma das propostas da Uliving é levar profissionais e palestrantes para tratarem em workshops de assuntos alternativos aos conteúdos acadêmicos. Além disso, as salas de estudos são baseadas em modelos de co-working, espaço físico em que profissionais de diferentes áreas trabalham juntos, com a possibilidade de trocar experiências entre sí.
Com isso, Antunes diz que pretende criar condições para que os alunos tenham novas ideias e possam ter projetos para novas startups. "Estamos estruturando essa área. Criamos uma função para que uma pessoa ligada ao empreendedorismo possa realizar atividades com os alunos. A ideia é fazer parcerias e eventualmente atuar como incubadora para novos projetos", adianta.
Para criar a startup, ele e seu sócio, Celso Martinelli, fizeram um estudo em outros países antes de iniciar o desenvolvimento. Martinelli, que hoje é vice-presidente de operações da Uliving, trouxe a ideia após morar em um empreendimento nos mesmos moldes quando estudou hotelaria na Suíça.
"Eu sempre tive a ideia na minha cabeça, e, após conhecer o Martinelli, tivemos muita vontade de realizar o projeto. Sabíamos que esse modelo existia nos Estados Unidos e na Europa, e não encontramos nada parecido no Brasil. Ficamos viajando pelo mundo entre 2011 e 2013 entendendo esse conceito e amadurecendo a ideia", conta Antunes.
Suporte e serviços
Ao receber os estudantes, a equipe da Uliving se prontifica a fazer uma apresentação da região e dos estabelecimentos mais próximos. A empresa explica ao aluno as melhores maneiras de se locomover pela cidade e mostra todos os serviços que existem perto do prédio. Além disso, solicita o preenchimento de uma ficha de saúde, com a cópia da carteirinha do convênio, e fornece os telefones de hospitais e números de emergência.
Sem divulgar o valor da mensalidade, Antunes explica que o preço já inclui os serviços que serão utilizados. "No pagamento já estão inclusas contas de água, luz, internet e a limpeza. Além disso, deixamos todos os apartamentos mobiliados, prontos para uso."
São aceitos nos prédios da Uliving alunos de faculdades, cursinhos e pós-graduação. A empresa diz que o leque de estudantes é "bem amplo" e que exige um comprovante de que estejam cursando uma dessas modalidades, tudo para manter o perfil do negócio.
De acordo com Antunes, o principal desafio é fazer com que as pessoas conheçam seu negócio, por se tratar de um mercado novo. "Nós testamos nosso produto e conseguimos validar. A partir de agora, a divulgação será muito importante", analisa.
Parcerias e investimentos
Para desenvolver os prédios, a Uliving realiza parcerias com construtoras e incorporadoras, que também podem investir no negócio. "Os investidores podem ser essas companhias, ou investidores-anjos, que se tornam os proprietários do ativo e nós, os administradores", explica Antunes.
A empresa com sede em São Paulo conta hoje com quatro pessoas trabalhando na sua administração. Para a criação da startup, os dois sócios investiram recursos próprios e contaram com aportes de cinco investidores-anjos, sem revelar o valor. No momento, estão abertos para outra rodada de investimento.