Startup de São Carlos e ONGs fazem parceria e levam loja autônoma para favela
Nova empresa vai gerir projeto que alia tecnologia ao empreendedorismo social e busca investimento em ecossistema econômico de Paraisópolis
A Cidade ONA startup Onii, sediada em São Carlos (SP), lançará no final deste mês a eegloo, braço corporativo voltado para a criação de novos negócios, renda e postos de trabalho em periferia. A primeira iniciativa é uma loja autônoma que será implantada na favela de Paraisópolis, na capital paulista.
O novo negócio seguirá os mesmos moldes das lojas convencionais da Onii, ou seja, serão totalmente automatizadas, não terão funcionários ou caixas, e o pagamento será realizado através de aplicativo e funcionarão 24 horas por dia.
O que difere a spin-off da empresa mãe é aplicação do conceito de empreendedorismo social. A ação será realizada em parceria com o grupo G10 das Favelas e com a ONG Turma do Jiló, que visa implementar educação inclusiva nas escolas públicas em Paraisópolis.
O negócio funcionará da seguinte forma: a Onii e a G10 das Favelas realizarão pesquisas para selecionar e capacitar os donos de negócios regionais para comandarem os estabelecimentos. Todo o processo de treinamento contará com mentoria e apoio jurídico.
O faturamento de cada loja será dividido em quatro partes: o empreendedor, o grupo G10 das Favelas, a ONG Turma do Jiló e a Onii, que receberá apenas o valor necessário para arcar com os custos de tecnologia e operação. Segundo a empresa, um dos grandes diferenciais desse modelo é que parte do que for arrecadado será reinvestido no ecossistema econômico local.
Segundo o sócio fundador da Onii, Ricardo Podval, a startup decidiu dar um passo além do desenvolvimento de tecnologias inovadoras com o projeto. "Estamos criando parcerias com grandes empresas e com o Sebrae para que as pessoas afetadas na pandemia possam empreender, criar seus próprios negócios, sejam licenciados eegloo e até mesmo ter os seus produtos (bolos, tortas, salgados) disponíveis em nossas lojas".
A iniciativa alia a cultura empreendedora nata do brasileiro à economia da inovação e deve beneficiar, sobretudo, uma população que por vezes fica às margens do mercado de trabalho, segundo o CEO Victor Azouri Bermudes.
"A ideia é capacitar em periferias do Brasil inteiro para desenvolvermos o empreendedor local, o foco inicial são mulheres e idosos para que esses empreendedores possam ser os licenciados Onii e possam administrar e gerir as lojas e com isso promover geração de renda e empregabilidade ao ecossistema. Consideramos a geração de renda como sendo o principal gerador de impacto social", comenta.
Para o presidente do G10 das Favelas a crise sanitária e econômica brasileira torna ainda mais importante a inovação tecnológica e os benefícios sociais advindos dela. "Nesse momento, em que se agrava a crise sanitária, juntamente com uma crise econômica, buscar programas de inovação atrelados à tecnologia para gerar trabalho e renda para as favelas é muito importante. Isso faz também com que haja um processo de inclusão nas periferias que têm pouca habilidade ou experiência para essas questões tecnológicas. Poder trazer esse conhecimento para a comunidade significa incluí-la digitalmente e dar acesso a outras oportunidades", finaliza.