Startup da região lê pensamentos em sites
Diário do Grande ABCO consumidor que costuma comprar pela internet já deve ter reparado que, muitas vezes, ao colocar um produto no carrinho virtual, e sair daquela página, recebe e-mail com lembrete para que aquela compra seja retomada. A Biggy, startup de São Bernardo criada para aprimorar essa tecnologia, desenvolve ferramenta que praticamente lê os pensamentos do usuário, e sugere a ele itens relacionados que estão em linha com seu gosto, conforme comportamento demonstrado não somente durante sua visita ao site, mas também em redes sociais, aplicativos e a partir de informações coletadas nas lojas físicas.
O objetivo da Biggy é utilizar de forma inteligente as informações disponibilizadas pelo consumidor e, dessa forma, entender o que ele deseja. Ao mesmo tempo, quer fazer com que as empresas atuantes na web, ao adquirirem o software de recomendação, ampliem em até 40% suas vendas on-line.
Lançada oficialmente no fim de julho, a Biggy é uma startup que surge dentro da Atma IT, plataforma de e-commerce B2B (Business to Business), sigla utilizada para designar transações comerciais virtuais entre empresas.
Sua maior cliente hoje é a Centauro. “Milhões de usuários pesquisam tênis, roupas, material esportivo. Quando eles saem do site, e abandonam o carrinho de compras por algum motivo, seja porque tocou o telefone ou porque desistiram momentaneamente da aquisição, emitimos lembrete. Recomendamos que retomem a compra e ainda sugerimos outros produtos que possam lhes interessar”, explica Fábio Gaia, sócio da Biggy. Ou seja, além de estimular a aquisição de determinado tênis, o software também indica uma roupa que combine com o calçado. Ou, se foi colocada no carrinho uma calça própria para ioga, é sugerida também uma esteira para a prática do esporte, por exemplo.
Segundo o empresário, que atua há 30 anos com TI (Tecnologia da Informação), a Centauro está com a Biggy desde maio e, de lá para cá, a rede de artigos esportivos já notou crescimento de 6% em seu faturamento. Ele cita que isso também é fruto de custo 25% menor do serviço, já que a empresa migrou da concorrência.
“Essa tecnologia é fundamental ao comércio eletrônico porque o ambiente de casa é mais dispersivo do que o de uma loja física. Trata-se do mundo da inteligência artificial, que é muito novo e tem potencial enorme a ser explorado. Enxergamos mercado de R$ 45 bilhões”, afirma ele. “Estamos empolgados porque é uma forma de os sites terem mais personalização. Queremos cada vez mais ser do jeito que o consumidor gosta. E vamos aprendendo sobre ele conforme sua navegação.”
A empresa, que nasceu no setor acadêmico, começou a ganhar formato em 2013, quando o engenheiro de software Alan Prando – também sócio da Biggy – fez pesquisa para seu mestrado e notou que havia possibilidades de trazer para escala comercial as inovações apuradas cobrando menos do que a concorrência. Situada no Rudge Ramos, em São Bernardo, está de mudança para o Cerâmica, em São Caetano, no início de outubro. O objetivo é, em dois anos, fazer com que 30% dos maiores sites possuam ferramentas da Biggy. De julho até o fim do ano, a perspectiva é faturar R$ 1 milhão, e incrementar a receita para R$ 5 milhões em 2017. Hoje, a startup possui três clientes, portfólio que quer ampliar para oito até dezembro e para 20 no ano que vem.
Contratação - Junto com a projeção de crescimento, vem a ampliação do quadro de profissionais. “Vemos potencialidade grande de profissionais da região formados em tecnologia ou engenharia, saídos de faculdades como Termomecanica, FEI, Mauá e UFABC e queremos contratá-los. Vamos priorizar quem mora aqui no Grande ABC, para que trabalhem perto de casa”, diz Gaia.
Atualmente, a Atma IT possui 18 funcionários, sendo seis só atendendo a Biggy – e o intuito é ampliar essa equipe. Há em aberto três vagas, sendo duas para estágio em big data e uma para desenvolvedor Java Jr. Interessados podem enviar currículo para [email protected]. A remuneração não é divulgada.