03/06/24 14h56

Startup associada à USP em Piracicaba usa rochas para promover agricultura de baixo carbono

InPlanet tem sede no Brasil e na Alemanha e está associada à Esalqtec, incubadora tecnológica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

Jornal da USP

Com sede no Brasil e na Alemanha, a startup InPlanet de remoção de carbono atua em colaboração com os agricultores para restaurar seus solos e ajudá-los a fazer a transição para uma agricultura de baixo carbono, sustentável e baseada na natureza. A atividade de pesquisa e inovação acontece na Esalqtec Incubadora Tecnológica, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e o viés comercial da startup acontece em território alemão.

“Nossa operação acontece 100% em território brasileiro porque, além das condições climáticas favoráveis, o apoio da equipe da Esalq, da incubadora e dos profissionais que atuam com ciência do solo nos deu o suporte científico e ampliou nossa rede de contatos e investidores, o que nos ajuda a expandir o negócio e crescer de forma sustentável”, explica Niklas Kluger, engenheiro ambiental nascido na Alemanha que fundou a startup junto ao amigo Felix Harteneck.

Na prática, a InPlanet atua no mercado de carbono e, como contrapartida no campo, emprega o uso de rochas como via de remoção de CO2 da atmosfera. “O Brasil tem condições ideais, os solos tropicais e o uso de pó de rocha em terras agrícolas por aqui apresenta o maior potencial de remoção de carbono em todo o mundo”, destaca Kluger.

O trabalho desenvolvido pela startup considera que o intemperismo das rochas (processo de desgaste e decomposição ao longo do tempo) é um processo natural que remove gradualmente o CO₂ da atmosfera em escalas de tempo de centenas de milhares a milhões de anos. Como parte da variedade de mecanismos de remoção de carbono da natureza, o desgaste das rochas regulou a temperatura da Terra ao longo da história geológica e manteve a habitabilidade do planeta. Além disso, o fornecimento de nutrientes e íons das rochas tem sido essencial para a evolução e sustentação da vida na terra e no oceano.

Ao moer e espalhar as rochas certas nas terras agrícolas, é acelerado este processo natural de milhões de anos para menos de uma década, removendo CO₂ da atmosfera em escalas de tempo relevantes para o homem e proporcionando importantes benefícios para os ambientes locais e globais.

Preocupação com o manejo agrícola

Por influência do avô, o engenheiro alemão sempre se identificou com a área agrícola. Mais do que isso, sonhava em trabalhar com agricultura regenerativa. “Minha intenção era atuar com restauração de solo, encontrar soluções alternativas sustentáveis para o manejo agrícola. Sempre estive especialmente apaixonado por sistemas agroflorestais.”

Seu primeiro contato com o Brasil foi em 2013, quando atuou em uma ONG, a ProBrasil, em São Paulo e no Piauí, trabalhando nos centros de crianças e adolescentes da organização. No auge da pandemia, em janeiro de 2021, Kluger desembarcou novamente no Brasil para uma jornada mais desafiadora. Com recursos conseguidos do governo alemão, atuava na mesma ONG como gerente de projetos no Nordeste e focou na restauração e agricultura familiar. “Eu auxiliava pequenos agricultores na caatinga, mais especificamente no Estado do Piauí, no trabalho de restauração daquelas propriedades”. Neste contexto, o engenheiro também desenvolveu sua dissertação de mestrado focada em comunidades rurais do Nordeste, onde ele estudava o potencial do mercado de carbono para reverter a desertificação e degradação do semiárido rural.

Durante este tempo também houve uma viagem que mudou sua vida. “Um dos meus melhores amigos, Felix Harteneck, me visitou no Nordeste e, durante uma longa viagem de carro da Serra da Capivara a Recife, idealizamos a fundação de uma startup com a visão de usar tecnologias naturais de sequestro de carbono, para alavancar a restauração dos solos tropicais.” Em agosto de 2021, ambos apresentaram o projeto para uma aceleradora europeia e, a partir dessa etapa, nasceu a InPlanet (da qual Niklas e Felix são sócios e cofundadores).

No início de 2022, o engenheiro mudou-se para São Paulo para finalizar a última etapa do seu mestrado e permaneceu em intercâmbio na Esalq. Segundo o engenheiro, a aproximação com a comunidade científica brasileira no geral, e com a equipe da Esalq em particular, propiciou muitos benefícios para seu modelo de empreendimento.

“Eu procurava estudar as ciências do solo com docentes de renome na área.” E da aproximação com docentes e pesquisadores da Esalq, concretizou seu objetivo. “Meu objetivo então era trabalhar nos dois continentes, a América do Sul e Europa, desta vez investindo no mercado de carbono”, conta.

Apoio em inovação

Com a InPlanet, a Esalqtec soma 70 empresas associadas e sete incubadas. Foi criada em 1994 como Incubadora de Empresas Agrozootécnicas da Esalq e, em 2005, passou por um processo de revitalização, que culminou no programa EsalqTec. Localizada na Fazenda Areão, no Vale do Piracicaba, em São Paulo, a EsalqTec é um centro de apoio aos empreendedores da área de tecnologias ligado ao agronegócio, que conta com espaço para pesquisas, desenvolvimento e orientações. Tem o objetivo de apoiar a formação de pequenas empresas e facilitar o acesso a informações e tecnologia.

Para saber mais sobre a InPlanet clique aqui. Para conhecer a Esalqtec acesse este link.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/universidade/startup-associada-a-usp-em-piracicaba-usa-rochas-para-promover-agricultura-de-baixo-carbono/