24/06/24 14h42

SP quer desenvolver rota transcontinental indígena no Estado

Projeto visa o desenvolvimento do Caminho do Peabiru, rota criada há milhares de anos, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, passando por SP, Paraná até o Peru

Secretaria de Turismo e Viagens de SP

O Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP), assinou hoje, dia 21 de junho, um protocolo de intenções com a Associação Dakila Pesquisas para o desenvolvimento do Caminho Peabiru, rota transcontinental indígena criada antes da colonização dos europeus, que ligava o oceano Atlântico ao Pacífico.

A partir da assinatura, o Estado e a associação mapearão as informações culturais e científicas; a fim de criar oferta de rota turística, incluindo atrações históricas, de aventuras e turismo de contemplação. O projeto prevê também o incentivo à adoção de tecnologias e inovação para apoiar a sustentabilidade no turismo e a promoção de ações de sensibilização e divulgação da Rota do Peabiru no Estado. Estima-se que a extensão do Peabiru em São Paulo seja de aproximadamente 5 mil quilômetros, contando-se com os ramais, passando por aproximadamente 25 cidades.

Os Caminhos do Peabiru são um conjunto de trilhas criadas há milhares de anos, que ligam o Oceano Atlântico ao Pacífico, passando por São Paulo, Paraná até o Peru. No Brasil, a antiga rota composta por uma rede de trilhas com atrações carregadas de histórias e belezas naturais foi utilizada por diversas etnias indígenas, entre elas guaranis e kaingangs.

“Estamos resgatando a história dos povos originários do Brasil. O turismo paulista abraça e desenvolve, junto ao Dakila e outros parceiros que virão a partir deste protocolo de intenções, um rico programa turístico. É uma importante parceria para o governo de São Paulo porque visa inúmeros benefícios para a região e fortalece o turismo em pelo menos três segmentos”, comenta o secretário de Turismo e Viagens, Roberto de Lucena.

Estudos indicam que, no estado paulista, o caminho saía de São Vicente, no litoral paulista, cruzava a cidade de São Paulo, inclusive no centro histórico da capital, passava pelas regiões de Sorocaba, chegava na região da Cuesta de Botucatu pelo Rio Tietê, cruzava a encosta da Cuesta, passando por belas florestas e riachos, até as místicas três pedras e o Gigante adormecido, e chegava no Rio Paranapanema, seguia rumo ao estado do Paraná, penetrava no Chaco paraguaio, atravessava a Bolívia, ultrapassava os Andes e alcançava o Peru e a costa do Pacífico, dirigindo-se para a Europa.

O Caminho do Peabiru se conecta com as regiões de Cananeia, em direção ao Paraná, e dali passa pelo litoral catarinense até o Rio Itapocu, em Barra Velha, sobe por Jaraguá do Sul, Corupá, passando pelo interior paranaense, Foz do Iguaçu, Paraguai até chegar às atuais áreas da Bolívia e Peru, antigo território do império Inca.

“Além de ter sido construída seguindo a malha magnética do planeta, é praticamente um mapa para ser visto de cima, onde as avenidas mais largas, assim como os ramais, chegavam diretamente às várias construções conhecidas hoje como os fortes estrela. Foram catalogados mais de 2.700 fortes neste formato em todos os continentes”, esclarece Urandir Fernandes de Oliveira, presidente da Associação Dakila Pesquisas.

Historicamente, esta rota transcontinental também era utilizada de forma religiosa, com objetivo de seguir o trajeto do sol, sob a orientação da Via Láctea. Mais tarde, a trilha foi adotada pelos europeus em busca de ouro e prata, tendo uma grande importância para a colonização do sul do país, pois permitia o acesso a diversos lugares por terra. Por meio de estudos recentes, soube-se que as trilhas do caminho do Peabiru atravessaram oceano, chegando até o Monte Nemrut, na Turquia.

Descobertas

A 60 km da capital paulista, entre os municípios de São Lourenço da Serra e Juquitiba, o pesquisador e presidente da Associação Dakila Pesquisas, Urandir Fernandes de Oliveira, localizou em uma região da Serra do Mar, perto da BR 116, o Caminho do Peabiru, fortemente marcado pela grama “puxa tripa” e com os silos que sempre continham alguns alimentos e água nos quais os caminhantes se abasteciam e descansavam para continuar a jornada, deixando o local reabastecido com novos alimentos carregados por eles e que beneficiavam os próximos viajantes. A equipe de Dakila Pesquisas também identificou um geoglifo no local.

 

Fonte: https://www.turismo.sp.gov.br/sp-quer-desenvolver-rota-transcontinental-indigena-no-estado