28/03/18 15h00

Sondagem aponta reação mais consistente na indústria, diz FGV

Valor Econômico

Influenciada por perspectivas mais positivas em relação à demanda e ao nível de emprego, a alta da confiança industrial em março mostra um quadro de recuperação mais consistente, que deve perdurar nos próximos meses. A avaliação é de Tabi Thuler, coordenadora da Sondagem da Indústria do Ibre-FGV.

Divulgado pela FGV, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu de 100,4 pontos em fevereiro para 101,7 pontos, nível mais alto desde agosto de 2013, antes do início da recessão, quando estava em 101,9 pontos. O avanço foi impulsionado tanto pelas avaliações dos empresários sobre o momento atual quanto pelas expectativas, com ambos os indicadores acima de 100 pontos, algo que não acontecia desde setembro de 2013. "A confiança está sinalizando alta da produção. Estamos falando de uma trajetória de médio prazo consistente", afirma Tabi.

Com melhora na percepção sobre a demanda e estoques mais ajustados, o Índice de Situação Atual (ISA), que compõe o ICI, aumentou 1,2 ponto ante fevereiro, para 100,6 pontos. O principal vetor de alta foi o indicador do nível de demanda, que avançou 3,9 pontos, para 100,2 pontos. A fatia de empresas que avaliam a demanda como forte passou de 11,3% para 12,8%. A proporção dos empresários que considera a demanda fraca caiu de 22,9% para 19,8%.

"É natural que o consumo doméstico volte aos poucos ao ciclo em que a economia está, com redução da taxa de juros, da inflação e melhora do emprego e da renda disponível", comenta a coordenadora da sondagem, que também destaca a evolução favorável do índice de estoques. De fevereiro para março, o indicador que avalia o nível de mercadorias paradas em excesso recuou de 94,6 para 93,1 pontos.

Outra boa notícia deste mês, de acordo com Tabi, foi a queda da ociosidade. Na passagem mensal, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) subiu 0,5 ponto, para 76,1%, maior percentual desde maio de 2015 (76,6%). Ainda há bastante capacidade ociosa nas fábricas, pondera a economista, mas este já é o segundo mês seguido em que o Nuci sobe de forma significativa, o que dá uma sinalização mais consistente para a retomada da produção.

Dentro do Índice de Expectativas (IE) - que avançou 1,4 pontos sobre o mês anterior, para 102,8 pontos - a principal influência positiva partiu das perspectivas mais otimistas do empresariado quanto à evolução da mão de obra. O indicador que mede as expectativas em relação ao quadro de funcionários nos três meses seguintes passou de 99,4 pontos em fevereiro para 103,5 pontos, patamar mais alto desde outubro de 2012. Na passagem mensal, a proporção de indústrias que preveem contratar nos três meses à frente subiu de 20,6% para 22,6%. As que esperam reduzir o quadro de pessoal caiu de 12% para 9,5%.