Solvay vai investir € 20 milhões em expansão no Brasil
Valor EconômicoUm dos mais dinâmicos mercados de xampus e condicionadores do mundo e dono da maior diversidade de tipos de cabelo, o Brasil foi escolhido como nova sede dos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de produtos do grupo belga Solvay nessa área. A aposta no país envolve ainda o investimento de € 20 milhões para ampliação da capacidade produtiva de especialidades químicas, com vistas a atender à demanda crescente por produtos de cuidados com o cabelo e com a pele.
"A Solvay decidiu instalar aqui seu centro de desenvolvimento pelo tamanho do mercado e pelo fato de o Brasil ser o melhor laboratório mundial para esse tipo de produto", explicou ao Valor a vice-presidente da Solvay Novecare para a América Latina, Valdirene Licht. No país, contou a executiva, a existência de mais de 20 tipos diferentes de cabelo, resultantes da miscigenação de raças, funcionou como importante atrativo para o grupo.
Mundialmente, a Solvay ocupa posição de destaque em novas tecnologias de condicionamento de cabelos - um dos carros-chefes do grupo - e atua também no mercado de cuidados com a pele, desenvolvendo especialidades químicas, como emolientes e emulsificantes, que são usadas por grandes fabricantes globais, entre os quais as gigantes Unilever, Procter & Gamble e L'Óreal. O mesmo ocorreu no país, onde o grupo é dono da Rhodia e o mercado de cosméticos mostra crescimento acelerado.
No fim de 2013, a Solvay comprou a fabricante de especialidades químicas Erca Química, em Itatiba (SP), com vistas a ampliar presença no mercado de especialidades químicas, que oferece margens mais atrativas. Um ano depois, anunciou a aquisição da Dhaymers Química, fabricante de ésteres usados em produtos de cuidados com a pele instalada em Taboão da Serra (SP).
Agora, o grupo está aportando 20 milhões de euros para ampliar a fábrica de Itatiba, ao mesmo tempo em que concentrará o desenvolvimento de novas moléuclas usadas em formulações de xampus, condicionadores e outros produtos de tratamento de cabelo no centro de pesquisas de Paulínia (SP), onde fica a Rhodia. O investimento, de acordo com Valdirene, permitirá à Solvay mais que dobrar a oferta de produtos no país, substituir importações e ainda ampliar os embarques a países da América Latina.
Segundo a executiva, apesar da desaceleração do crescimento do mercado brasileiro de cosméticos, na esteira da fraqueza da economia como um todo, o potencial é grande, sobretudo na área de cabelos. Um dos pilares da estratégia da Solvay é ampliar a oferta de produtos locais, com substituição de importações, e de quebra ampliar as exportações para países vizinhos.
Outro pilar de crescimento do grupo é a compra de empresas locais. "Há empresas com bom portfólio de produtos, mas sem grande fôlego para investir em crescimento", explicou, referindo-se também às aquisições da Erca e da Dhaymers. Outro importante pilar é representado pela inovação. "Apesar da desaceleração, a indústria é aberta à inovação, é progressista", comentou a executiva. No Brasil, além de atender às multinacionais, a Solvay é fornecedora de empresas como Natura e O Boticário.
A aposta da Solvay em especialidades químicas reflete também a estratégia do grupo de se concentrar em mercados que oferecem maior rentabilidade. A transformação do grupo teve início há mais de cinco anos, com a venda de sua área farmacêutica para a americana Abbott, por 4,5 bilhões de euros. Parte dos recursos foi usada na compra da Rhodia e, desde então, a Solvay segue ajustando seu portfólio, com a saída dos negócios considerados de commodities - a venda das operações de PVC segue justamente essa linha.