Solvay prevê reverter estagnação e crescer no país
Valor EconômicoO grupo belga Solvay, dono da Rhodia, prevê expansão de até 10% das receitas no Brasil ao longo do ano que vem, depois de observara estagnação do seu faturamento local. Isso se deveu à crise econômica do país, iniciada em 2014. Em entrevista ao Valor, o presidente do grupo na América Latina, José Borges Matias, afirmou que a operação brasileira deve reportar receitas de € 900 milhões em 2016, estável na comparação com o exercício anterior. Para o próximo ano, a previsão é de crescimento de 5% a 10% do faturamento.
"Encerrar 2016 com estabilidade é um êxito, porque a demanda interna caiu na média", afirmou o executivo. Matias participou na sexta-feira do encontro nacional da indústria química, o Enaiq, em São Paulo, evento realizado pela Abiquim.
Para compensar o desaquecimento dos negócios domésticos da companhia, a Solvay apostou no aumento de exportações a partir do Brasil e em um mix de vendas que privilegiou produtos de maior valor agregado.
O grupo belga, que é o maior fornecedor de poliamidas (genericamente conhecidas como nylon) no Brasil, manteve o ritmo de investimentos ao longo deste ano, apesar do cenário macroeconômico negativo, e aportou R$ 200 milhões em sua operação. "Queremos manter esse nível no próximo ano", acrescentou. Nos últimos cinco anos, a Solvay investiu R$ 1 bilhão no país.
Segundo Matias, o grupo está atento a oportunidades de aquisição, mas, neste momento, não tem nenhum ativo em vista. "Vamos olhar as boas oportunidades em especialidades químicas e materiais de performance", disse o presidente para a região.
No fim do ano passado, o grupo finalizou a compra da americana Cytec por US$ 5,5 bilhões, incorporando a líder mundial em fibra de carbono. "Podemos, no futuro, ter novas aplicações para a fibra de carbono e temos fortes ambições nessas áreas novas", acrescentou o executivo.
A expectativa de crescimento no próximo ano, explicou Matias, está embasada na previsão de recuperação da economia brasileira em duas etapas: uma marginal, num primeiro momento do ano, e a retomada mais forte no segundo semestre. Novas capacidades produtivas do grupo na região e retorno da demanda de importantes segmentos consumidores, como automotivo, também dão suporte à perspectiva de expansão de até 10% das receitas.
O executivo ressaltou que uma política de rápida redução de juros ajudaria a alavancar a recuperação econômica. "Um decréscimo na taxa de juros favorece muito", destacou.