13/06/16 15h13

Solvay passa a fazer nova linha de silíca no país

Valor Econômico

Líder no mercado latino-americano de sílica convencional, o grupo belga Solvay, dono da Rhodia, vai iniciar a produção de sílica de alto desempenho no Brasil, para atender à crescente demanda pelos fabricantes de pneus. Até agora, a operação brasileira vinha importando o produto de outras fábricas para atender o mercado local. Mas, com a entrada em vigor do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Pneus, do Inmetro, que vai estimular o uso de pneus "verdes", a multinacional decidiu apostar na produção também na fábrica de Paulínia (SP).

A sílica de alto desempenho substitui o negro de fumo e é utilizada como reforço em pneus "verdes", que contribuem para o menor consumo de combustível nos veículos e redução das emissões de gás carbônico. Com a obrigatoriedade do uso da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia em pneus novos, a partir de outubro, a expectativa é a de que consumo de pneus verdes cresça no país, alavancando as vendas da sílica HDS (do inglês Highly Dispersible Silica).

"Nossa estratégia é acompanhar o crescimento do mercado", afirma o diretor da unidade de negócios Sílica da Solvay na América Latina, François Pontais.

Globalmente, conta o executivo, mais de 50% dos negócios da unidade estão relacionados à indústria de pneus - o mineral pode ser usado também na produção de cremes dentais ou como espessante, por exemplo. O próprio conceito de pneu "verde" surgiu a partir da invenção da sílica HDS pela Rhodia, que em 2011 foi comprada pela Solvay. O conceito ganhou corpo com a legislação ambiental europeia cada vez mais dura e, hoje, 80% dos pneus que rodam na Europa já levam o mineral.

No Brasil, conta Pontais, cerca de 60% dos carros novos já saem das montadoras com pneus verdes. No segmento de reposição, esse mercado ainda está amadurecendo. "Temos outras fábricas no mundo, mas há cerca de três anos começamos a nos preparar para produzir localmente", afirma. O investimento no projeto, que não é divulgado, foi superior a US$ 10 milhões e elevou a fábrica de Paulínia ao mesmo patamar tecnológico das demais unidades fabris do grupo.

Com o investimento, diz o executivo, também foi possível contornar um "claro problema de competitividade" que a operação brasileira enfrentava em relação aos produtos chineses. A fábrica paulista continuará com capacidade instalada para 40 mil toneladas por ano de sílicas e a HDS será introduzida no portfólio produzido localmente, acrescenta o executivo.

No país, a Solvay fornece a sílica HDS para todas as fabricantes de pneus e a percepção é que, com o acirramento da concorrência no mercado de automóveis, por conta da crise econômica, as montadoras têm buscado cada vez mais diferenciais, entre eles o pneu verde. Outros mercados na América Latina também serão atendidos pela fábrica brasileira.