13/05/11 11h27

Solvay mantém marca Rhodia no país

Valor Econômico

A aquisição da francesa Rhodia pela fabricante belga de produtos químicos Solvay em abril vai formar um grupo que deve encerrar 2011 com um faturamento no patamar de € 2 bilhões no Brasil. A subsidiária brasileira representará 15% dos resultados globais da nova empresa e terá uma estratégia voltada para as matérias-primas renováveis. Esse é o cenário que o presidente global da Rhodia, Jean-Pierre Clamadieu, desenhou para as operações da nova empresa no país. Em sua primeira visita ao Brasil depois da operação - que custou à Solvay € 3,4 bilhões -, o executivo pretende reunir cerca de 400 altos funcionários para explicar as perspectivas para as operações brasileiras. "Agora temos a oportunidade de crescer dentro de uma organização maior e com mais recursos", afirmou Clamadieu. "O acordo não vai diminuir nossa velocidade, pelo contrário", garantiu.

Segundo o executivo, os investimentos previstos para a subsidiária continuarão sendo importantes dentro do grupo. Para 2011, os recursos direcionados ao país, inclusive, vão crescer: a empresa pretende aplicar US$ 120 milhões nas operações brasileiras, número acima dos US$ 100 milhões anteriormente divulgados. O ritmo tradicional de investimentos anuais da multinacional no Brasil era de US$ 50 milhões.

A ideia do grupo é manter as operações como estão hoje no país. A nova empresa deve aproveitar sinergias, principalmente no que envolve os custos das matérias-primas, já que o consumo dos insumos - agora em maior escala - proporcionarão melhores negociações com os fornecedores. "O objetivo dessa operação não é a sinergia de custos fixos, o objetivo é ter mais condições de crescer", disse o executivo, enfatizando que, deste modo, não há intenção de realizar uma "alteração importante" no quadro de funcionários. Em dois anos, segundo as estimativas do executivo, as empresas estarão integradas no país.

Para ele, os negócios da companhia francesa no país são singulares dentro do grupo, principalmente no que diz respeito à força da marca Rhodia, que será mantida no Brasil. Nos demais países, a marca a ser utilizada ainda não foi definida. Outra indefinição envolve o comando da subsidiária: o grupo ainda não decidiu quem será seu representante no país. Hoje, o comando das operações brasileiras e latino americanas está nas mãos de Marcos De Marchi.

A estratégia de utilizar cada vez mais matérias-primas renováveis em sua produção será fortalecida na subsidiária, segundo Clamadieu. Investimentos como os que geraram o acordo da empresa com a usina Paraíso Bioenergia, de Brotas (SP), para projetos de biomassa, serão priorizados. "A Solvay também tem essa cultura", contou o executivo, destacando a possibilidade de a empresa belga passar a produzir plásticos a partir do etanol.

Globalmente, as projeções do novo grupo apontam para um faturamento de € 14 bilhões em 2011, enquanto o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) deve somar € 2 bilhões. Em sinergias, devem ser gerados € 250 milhões em três anos. O processo de negociação entre as duas companhias durou apenas um mês e, para Clamadieu, a decisão de se unirem abre um novo caminho no setor. "Eu pensava que uma aproximação (como essa) não faria muito sentido. As operações que vemos na indústria química geralmente são as grandes comprando as pequenas e as pequenas sumindo. Agora, são duas grandes nessa consolidação", concluiu o executivo.