03/02/15 14h27

Smarttech acelera negócios com centro de desenvolvimento

Instalações em Holambra inauguradas em setembro já passam por ampliação

Automotive Business

Após inaugurar seu centro tecnológico em Holambra (SP), em setembro passado (leia aqui), a Smarttech migrou do campo virtual dos programas de engenharia para o mundo real, com a oferta de serviços de laboratórios para desenvolvimento e homologação de autopeças e veículos. Com isso, a empresa experimenta sensível aceleração dos negócios, com aumento do faturamento de 13% em relação a 2013 e expansão das instalações no interior paulista. “Existe um enorme buraco em engenharia e desenvolvimento nas empresas no Brasil. Entramos em um campo com forte demanda reprimida. Existe necessidade urgente de nacionalização e são poucos os fabricantes de componentes e automóveis que têm essa capacidade de desenvolver produtos. Por isso a procura por nossos serviços é grande, até maior do que imaginávamos”, revela Ricardo Nogueira, diretor e sócio majoritário da Smarttech.

A empresa, que atua há 17 anos com serviços de engenharia virtual para a indústria, investiu R$ 5 milhões no centro, instalado em terreno de 37 mil metros quadrados e com área construída de 1,7 mil metros quadrados com laboratórios de medição de ruídos, cálculo estrutural, simulações de injeção de plástico, testes de durabilidade, fadiga e funcionamento conjunto de peças (multicorpos). Mas, devido a novas oportunidades abertas pelo mercado, investimentos adicionais já estão em curso: cerca de R$ 1 milhão devem ser aplicados este ano. Entre os maiores aportes estão R$ 200 mil para a construção de uma pista de testes para avaliação de ruído externo de automóveis. Também já estão a caminho do Brasil os equipamentos comprados na Alemanha, que custaram perto de R$ 500 mil, para a montagem de uma câmara climática, com capacidade de simular testes de equipamentos em temperaturas que vão de +180⁰C a -70⁰C.

OPORTUNIDADES

Legislações veiculares (novas ou antigas) abriram espaço para a oferta de serviços de engenharia com simulações reais, parte essencial no desenvolvimento de qualquer produto industrial no País. Exemplo disso é o MAR I, que regula limites de emissões e ruídos de máquinas rodoviárias e agrícolas, que gerou faturamento extra imediato para a Smarttech. Os níveis obrigatórios de ruídos entraram em vigor a partir deste ano e no fim de 2014 ninguém fazia essas medições. “Logo após a inauguração do centro, de setembro para outubro tivemos que fazer uma pequena pista para fazer isso, recebemos lá em Holambra quase 100 máquinas que precisavam da homologação”, conta Nogueira. “Nossa vantagem é que oferecemos a medição e, se alguém estiver fora do padrão exigido, também podemos dar diagnósticos. Assim os testes abrem caminho para oferecer soluções”, acrescenta.

Até o fim de fevereiro, com a ampliação da pista externa, as medições de ruído externo também poderão ser feitas com automóveis. Essa é outra demanda reprimida do mercado, pois fora das grandes montadoras não há lugares adequados para fazer essas homologações. “Todo carro novo ou que passa por mudanças precisa fazer esse teste para se adequar à legislação e não há centros independentes que oferecem esse serviço de maneira adequada, seguindo os critérios exigidos”, diz o diretor.

Ele confirma que o Inovar-Auto, com suas exigências de compras locais para abatimento de impostos, também está gerando muitos negócios. “Já atendemos 10 empresas de autopeças que precisavam localizar a produção componentes para atender à demanda das montadoras, que precisam aumentar seus índices de nacionalização”, afirma. Dos quase 300 clientes ativos da Smarttech, cerca de 50% são do setor automotivo, a maioria fabricantes de autopeças, mas a empresa também atende montadoras, como é o caso de Nissan, General Motors, MAN, Honda, Mitsubishi e Fiat. Alguns dos serviços mais procurados envolvem cálculos estruturais e simulações reais de durabilidade e funcionamento, principalmente para redução de peso e substituição de materiais na fabricação de componentes.

AUMENTO DE COMPETITIVIDADE

Nogueira conta que algumas soluções bem-sucedidas desenvolvidas aqui já foram incorporadas globalmente. Em outros casos, algumas empresas que precisavam fazer testes no exterior transferiram essa atividade para a Smarttech. “Não somos mais baratos, pois oferecemos o mesmo padrão ou até superior. Cobramos o mesmo preço aqui, mas o cliente tem outros ganhos com essa localização, pois não precisa gastar com transporte, não entra em filas e reduz o tempo de desenvolvimento”, explica o diretor. “A grande vantagem é que já temos tudo pronto em Holambra, o cliente não precisa investir em laboratórios ou estrutura de desenvolvimento, mas se quiser também podemos atuar no projeto para realizar essas operações internamente. Nosso foco principal é complementar a engenharia das empresas e contribuir com o aumento de sua competitividade.”

Com o primeiro centro independente de desenvolvimento do País, não ligado a nenhum fabricante, Nogueira avalia que a Smarttech pode ajudar a fechar o que ele chama de “buraco de competitividade do produto brasileiro”. O raciocínio é que o aumento da capacidade de desenvolvimento local de engenharia possa trazer ganhos de qualidade e produtividade. “Nosso apoio cria produtos mais robustos, pode evitar perdas, como por exemplo com descartes de peças ou recalls por erros de projeto”, destaca. “O País tem sim muitos problemas, mas nem por isso as empresas devem deixar de fazer a lição de casa. Existe muito a fazer internamente.”

A Smarttech tem atualmente 50 engenheiros com diversas especialidades trabalhando em Holambra. Para 2015, Nogueira entrou no embalo do mercado e estimou para o planejamento do ano faturamento parecido com o de 2014. Contudo, ele admite que espera por algo melhor: “Estamos recebendo muitas consultas para novos projetos, com potencial de elevar o nível de negócios nos próximos meses”, indica.