16/06/11 11h09

Símbolo de luxo, Sony almeja classe C

Valor Econômico

Nos últimos dois anos, uma mudança começou a ganhar fôlego na subsidiária brasileira da Sony. Acostumada a vender produtos para consumidores das classes A e B, a companhia passou a pesquisar os hábitos de consumo das classe C e D. No período, cerca de 50 pesquisadores e engenheiros japoneses vieram ao país para estudar os gostos e o estilo de vida da chamada nova classe média brasileira. O interesse da companhia tem um motivo muito simples: assim como em outros segmentos da economia, os consumidores das classes C e D vão ganhar relevância cada vez maior nas compras de eletrônicos no país. Entre 2010 e 2014, a estimativa da Sony é de que a participação passe dos atuais 63% para 72% do mercado total. A fatia das classes mais abastadas, por sua vez, terá uma queda de 37% para 28% do total no período.

Segundo Ryuji Tsutsui, presidente da Sony no Brasil, a estratégia de atuar com mais força na classe C não significa que a empresa fará cortes nos preços de seus produtos. "Não vale a pena reduzir o preço de uma vez para aumentar as vendas", disse o executivo, ontem, durante evento em São Paulo para apresentar o novo posicionamento da companhia e os produtos para 2011. De acordo com Carlos Paschoal, gerente de comunicação, marketing e inovação da Sony, a estratégia é usar as informações coletadas pelas pesquisas de campo para desenvolver produtos que atendam às demandas específicas dos consumidores da classe C. Entre os equipamentos desenvolvidos no Brasil, Paschoal citou aparelhos de som automotivo, equipamentos de som residencial e câmeras digitais, entre outros. "Hoje entendemos muito mais os desejos dos consumidores", disse.

Segundo Tsutsui, o objetivo da companhia é chegar a 2013 com o triplo do tamanho que tinha no ano fiscal 2009 (encerrado em março). Em 2010, a companhia apresentou um crescimento de 65% no Brasil, mais que o dobro do mercado nacional de eletrônicos. De acordo com o executivo, a expansão também foi a mais rápida entre todos países onde a empresa atua no mundo. O desempenho elevou o Brasil da 13ª para a 8ª posição entre os principais mercados da Sony. Em 2011, a expectativa de Tsutsui é manter o ritmo acelerado de crescimento: enquanto as projeções da indústria nacional de eletrônicos são de uma expansão de 21%, a Sony pretende crescer 48%.  Além da ampliação de seu público-alvo, o executivo afirmou que a empresa pretende explorar no país a integração entre suas marcas. O grupo Sony tem hoje 60 empresas que produzem desde videogames até filmes, como a versão do desenho animado "Smurfs", dos anos 80, que estreia em agosto.