27/08/10 14h29

Siemens tentará disputar novo trem para Santos

Valor Econômico – 27/08/10

Lançado no início do ano mais como uma hipótese, o plano de fazer um trem de passageiros entre Santos e São Paulo ganhou novas definições. Conversas do governo paulista com possíveis fornecedores indicam que a obra é viável, a despeito do complicado trecho de subida na Serra do Mar - o projeto quer utilizar como base parte de uma antiga linha desativada nos anos 70, na qual os trens eram puxados por cabos. Segundo fornecedores, trens comuns também podem cumprir a tarefa.

A divisão de transportes da Siemens é até agora a candidata mais envolvida no projeto. A empresa vem participando de estudos preliminares, e identificou o tipo de composição e equipamento adequado ao trecho. Trata-se de um trem destinado ao transporte regional - batizado Desiro ML -, adotado em sete países, entre eles Alemanha, Suíça, Bélgica e Inglaterra. De acordo com a empresa, o modelo pode vencer o trecho de subida da serra usando uma composição curta, de dois carros, o suficiente para acomodar 200 pessoas. Segundo Juarez Barcellos, gerente de vendas da Siemens, o trem oferecido pela empresa conseguiria subir a 90 km/h o trecho da Serra do Mar, vencendo uma inclinação de 8% - ou seja, a cada 100 metros percorridos, o trem sobe 8 metros. A inclinação, segundo o executivo, é pouco usual em ferrovias. Vencida a serra, o trem desenvolveria uma velocidade de 160 km/h no planalto, até São Paulo.

O produto da Siemens faria o trajeto em 45 minutos, dentro do tempo estimado pelo governo paulista, que queria o trecho coberto em até 50 minutos. A previsão de tráfego é de algo entre 30 e 50 mil passageiros ao dia, o equivalente a cerca de 15% a 20% do volume de uma linha urbana da CPTM. A visão do governo é de que se trata de uma demanda com grande potencial de crescimento, devido ao futuro impacto da exploração do pré-sal na ocupação urbana da baixada santista.

O executivo da Siemens diz que a empresa não tem uma estimativa de custo da obra, que está por conta do governo, mas observa que o seu produto reduz custos devido a pouca necessidade de alteração no traçado já existente no trecho de serra. Quanto aos trens, custariam pouco mais do que o preço de um equipamento convencional destinado ao Metrô ou à CPTM, algo perto de US$ 3 milhões por cada carro da composição. Também ainda não há projeção de quantos trens precisariam ser adquiridos para dar conta da demanda.