10/08/09 11h37

Setor já tem receita de US$ 1,35 bilhões e previsão de avanço é de 9% no ano

Valor Econômico

As flores estão longe de ser artigo de primeira necessidade, com exceção do que representam para noivas, enlutados e, claro, para os próprios floristas. Mas não há de ser nada: o setor se mantém em crescimento, a despeito de crise global, receio com a demanda por produtos agrícolas e projeções frustrantes ou não para o desempenho do PIB no ano.

O setor movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões (US$ 1,35 bilhão) em 2008, de acordo com Renato Opitz, presidente da câmara setorial de flores e plantas ornamentais do Ministério da Agricultura. O crescimento projetado para este ano é de 9%. "O movimento foi muito bom até junho, mas caiu um pouco em julho. Se ficar nos 9% está bom", afirma. Em pleno momento de intempéries na economia, o segmento projeta aumentar seu tamanho em quase um décimo e encara isso quase como prêmio de consolação. O faturamento bilionário não trata do preço pago ao produtor, e sim dos negócios realizados no mercado varejista. Estão embutidos, portanto, gastos como os feitos com artes florais, embalagens ou mimos extras nos arranjos, e não os feitos exclusivamente para a aquisição das plantas.

O mercado de flores tem sustentado seu crescimento em uma coleção de fatores. Também está entre eles a consolidação da venda de flores em supermercados, que abre caminho para a compra de impulso - ninguém, afinal, vai ao Pão de Açúcar ou ao Carrefour apenas para levar uma margarida. "A venda em supermercados já acontece há alguns anos, mas a apresentação nas lojas, o espaço reservado, é muito melhor que no começo", diz Pitz.

Para o crescimento do setor, mesmo sob a crise econômica, é relevante também, segundo ele, a disseminação de variedades de melhor cepa. Com a importação de bulbos mais resistentes, rosas, por exemplo, que tinham sobrevida de quatro a cinco dias na casa do consumidor, podem durar até 14 dias. Isso aumenta também o tempo para que a planta possa ser comercializada.

Ainda há uma boa parcela de informalidade no mercado, o que dificulta, entre outras coisas, a própria apuração dos dados sobre as vendas. O tom geral, contudo, é de otimismo. "Nós não vimos muito o impacto da crise, não", diz Ronaldo Micotti da Glória, diretor de flores e plantas da Terra Viva, que cultiva flores e plantas ornamentais e completa 50 anos de vida em 2009.