30/09/09 10h49

Setor elétrico é a maior aposta do grupo alemão no Brasil

Valor Econômico

Preparada para crescer anualmente no segmento "verde", a Siemens vê no Brasil grande potencial para expandir seus negócios nos próximos anos. Grande parte dessa expectativa se deve ao fato de o país já pender "naturalmente" para isso, sobretudo no setor energético. Líder mundial em energia hidrelétrica, o país deverá consolidar sua matriz energética limpa com avanços nas gerações eólica e na cogeração com bagaço de cana e outros resíduos da agroindústria. "Já tínhamos um portfólio verde no Brasil antes da reorientação mundial porque essa é a nossa vocação", diz Adilson Primo, presidente da Siemens Brasil.

Segundo o executivo, o portfólio "verde" da empresa no país representa cerca de 20% a 25% do total. Percentualmente, é maior que o do grupo. Com o Programa para Aceleração do Crescimento (PAC), os negócios nesse segmento poderão crescer mais, uma vez que quase todos os projetos tem um conteúdo "green". A grande expectativa do grupo, no entanto, está no setor eólico. A Siemens Brasil aguarda os resultados do primeiro leilão de energia eólica, que ocorrerá em novembro, para tomar uma decisão: levantar seu primeiro parque industrial eólico no país, no caso de um resultado positivo.

Outra aposta do grupo está no setor de cogeração com bagaço de cana-de-açúcar. A estratégia da empresa é realizar parcerias tecnológicas com universidades, institutos de pesquisa e empresas locais para desenvolver soluções específicas para esse mercado. Uma das parcerias de mais sucesso tem sido com a indústria de base Dedini, de Piracicaba (SP), para o processo de automação das usinas de açúcar e álcool.

De acordo com Primo, o braço brasileiro da Siemens tem investido continuamente no país, ao longo dos últimos dez anos, em torno de R$ 120 (US$ 67) a R$ 140 milhões (US$ 78 milhões) por ano. "Isso é muito mais do que a média das empresas nacionais. A Siemens mundial investe quase € 4 bilhões por ano. Eu não sei se o Brasil investe isso". O grande problema, acrescenta o executivo, continua sendo a falta de uma cultura de inovação. "O Brasil é um país que inova pouco. As empresas brasileiras não têm o DNA da inovação e essa é a grande vantagem de um país como a Alemanha", diz o executivo.