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Setor de seguro atrai os investidores

Gazeta Mercantil - 31/08/2007

UBS Pactual aposta que nicho é a nova onda do País após o boom do consignado e do imobiliário. Seguradoras listadas na Bolsa era uma realidade distante do Brasil no início do século XXI, mesmo tendo o setor de seguros, com venda mundial acima de US$ 1 trilhão ao ano, um peso expressivo nas bolsas de Nova York, Londres, Paris e Japão. Aqui só haviam cinco companhias listadas, sem qualquer liquidez. Esse cenário começou a mudar em novembro de 2004, quando a Porto Seguro, maior seguradora de automóvel do País, entrou no Novo Mercado da Bovespa. A valorização dos papéis, que chegou ao pico de 330%, não aconteceu da noite para o dia, pois investidores e analistas conheciam pouco do mercado de seguros, um setor que tinha até então normas ultrapassadas e pouca credibilidade em razão do governo fazer e não cumprir por dez anos suas promessas de abertura do resseguro. No início deste ano, os investidores tiveram duas boas notícias. A sanção da Lei 126, que dá as diretrizes da abertura do resseguro, e a atualização do arcabouço regulatório do setor com exigências de práticas de governança e novo cálculo de solvência com capital baseado em risco. As duas mudanças, que elevam o padrão contábil e concorrencial das seguradoras brasileiras às práticas internacionais, estão previstas para começar a vigorar em 2008. Cálculos preliminares do setor apontam para mais de R$ 4 bilhões (US$ 2,13 bilhões) em aportes com as novas regras de solvência. Os estrangeiros, por sua vez, buscam investimentos rentáveis fora de seus maduros mercados. Tal cenário gerou um boom do setor no mercado de capitais no mês de agosto, mesmo com a indefinição sobre a abrangência dos efeitos da crise imobiliária americana sobre a economia mundial. Só neste mês, SulAmérica, Minas Brasil e Marítima Seguros registraram suas Ofertas Iniciais de Ações (IPO, na sigla em inglês) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O IRB Brasil Re, único ressegurador autorizado a operar no País, mas que terá concorrentes a partir de 2008, é outro candidato, segundo Sebastião Pena, diretor de estratégia da empresa. Ele tem dito que o IPO poderá ser uma das opções para o IRB enfrentar os concorrentes. Segundo Pedro Guimarães, especialista do UBS Pactual, que atuou como consultor financeiro em diversos dos 45 IPO realizados no Brasil neste ano, o setor de seguros é a bola da vez. Outro parâmetro para projetar o crescimento de seguros no Brasil é a participação no Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto no Brasil o setor engatinha nos 3% há décadas, com faturamento de R$ 75 bilhões em 2006, nos países desenvolvidos o percentual supera 10%. O analista acredita que o IPO é o melhor caminho para as seguradoras.