18/10/10 06h30

Setor de petróleo vai representar 14% do investimento em 2014

Valor Econômico

Mesmo na fase preliminar da exploração da camada pré-sal, a indústria do petróleo e gás vai liderar os investimentos no Brasil nos próximos anos. Sua participação no total da formação bruta de capital fixo (FBCF) anual do país deve alcançar 14,7% em 2014, mais que o dobro dos 6% de 2000. A conclusão é de um estudo ainda inédito do economista André Albuquerque Sant'Anna, gerente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES. O trabalho será editado na "Visão do Desenvolvimento", uma das publicações do banco estatal. A Formação Bruta de Capital Fixo mede quanto o país investe em máquinas e equipamentos e na construção civil em um determinado período.

O trabalho de Sant'Anna foi feito a partir de uma previsão de investimentos em petróleo e gás no Brasil de R$ 378 bilhões (US$ 222,4 bilhões) no período de 2011 a 2014 - mais que o dobro dos R$ 180 bilhões (US$ 107,8 bilhões) aplicados de 2005 a 2008 -, levando em conta um índice de nacionalização próximo a 55% desses investimentos, totalizando R$ 205 bilhões (US$ 120,6 bilhões) a serem investidos diretamente no Brasil. O estudo lembra que dos investimentos previstos para até 2014 o pré-sal, ainda em fase embrionária, receberá apenas 15% (R$ 45 bilhões/US$ 26,5 bilhões).

De posse desses números, o técnico do BNDES calculou, segmento por segmento, o impacto total, direto e indireto, dos investimentos sobre a economia nacional. Para o cálculo, ele utilizou uma matriz de absorção de investimentos desenvolvida pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que avalia como são distribuídos cada R$ 100 (US$ 59) investidos em 55 setores da economia. O resultado foi a transformação dos R$ 205 bilhões (US$ 120,6 bilhões) iniciais em R$ 407 bilhões (US$ 239,4 bilhões), praticamente o dobro.

"Os investimentos realizados pela indústria de petróleo e gás têm o importante papel de mobilizar uma ampla cadeia de fornecedores de bens e serviços", destaca. Por exemplo, segundo os cálculos de Sant'Anna, os R$ 190 bilhões (US$ 111,8 bilhões) que serão investidos em máquinas e equipamentos nacionais para o setor de petróleo e gás no período em análise vão gerar mais R$ 43 bilhões (US$ 25,3 bilhões) em outras máquinas e equipamentos para subfornecedores.

Esses negócios vão gerar mais R$ 90 bilhões (US$ 52,9 bilhões) de investimentos indiretos em metalurgia e em outros setores produtivos, embora os investimentos diretos nesses setores não passem de R$ 5 bilhões (US$ 2,9 bilhões). Segundo o economista, o fato de a indústria de petróleo e gás ser "altamente intensiva em máquinas e equipamentos" tem ainda como efeito benéfico colateral o fato de poder transformar-se em um polo de atração de tecnologia para o Brasil, como já vem ocorrendo.