26/09/16 15h31

Setor de cosméticos mira o Oriente Médio para crescer

Folha de S. Paulo

Para elevar o faturamento, o setor brasileiro de cosméticos e produtos de beleza quer aumentar a exportação de seus produtos. E o maior alvo é o mercado asiático, em especial o Oriente Médio.

As vendas para a região cresceram 19,1% em 2015 em relação a 2014.

"Após a Copa e a Olimpíada, a imagem do Brasil está boa. Produtos que têm ligação com a Amazônia, com a natureza, têm boa entrada no exterior", diz Thiago Brandão Farias, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). "É um bom momento para planejar e buscar essas oportunidades no mercado internacional", completa ele.

Depois de um crescimento médio anual de 11,4% nos últimos 20 anos, o setor nacional de cosméticos e produtos de beleza e higiene teve uma queda em 2015.

Apesar disso, Farias considera que essa ainda é uma das áreas mais promissoras para novos negócios no país devido ao potencial de expansão. "O Brasil está descobrindo o mercado asiático. Lá há uma procura pela qualidade de vida brasileira, a nossa natureza", afirma ele. Ele cita China e Japão como mercados atraentes.

Hoje as vendas estão concentradas na América Latina. Os dez países que mais recebem produtos brasileiros estão na região —e compram 80% de tudo que é exportado pelo setor. A ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) intensificou desde 2014 os esforços da Beautycare Brazil, iniciativa que dá suporte a empresas que queiram exportar.

É esse o caso da Shinsei. Em operação desde 2002, a empresa de São Paulo já fez vendas pontuais para Alemanha e Oriente Médio, mas agora pretende estabelecer um fluxo regular e participa da Beautycare.

"Pouco depois de começar a empresa, recebemos uma proposta de fornecer produtos para a Arábia Saudita, mas recusamos porque não iríamos conseguir produzir o necessário" diz Toshihiro Asamura, sócio da empresa ao lado da irmã. "Agora vamos nos preparar melhor para conseguir", define.

O objetivo, diz ele, é que as vendas para fora contrabalancem a queda no mercado nacional e ajudem a aumentar o faturamento, na casa de R$ 500 mil por ano. "É a velha história de não botar tudo na mesma cesta. Exportando, quando aqui estiver ruim e lá fora bom, dá para equilibrar melhor", afirma.

É um processo semelhante pelo que já passou a Surya Brasil. Criada em 1996, a empresa de São Paulo conseguiu aumentar em 70% suas vendas em dólar no ano passado, afirma a sócia e fundadora, Clelia Angelon.

"Desde o início, tínhamos um conceito de ser uma empresa saudável, que não agride o meio ambiente e não testa produtos em animais", afirma ela. "Isso abriu muitas portas lá fora."

Planejamento

Para Farias, do Sebrae, começar a exportar envolve uma série de riscos, principalmente para empresas menores. "É necessário adaptar produtos e fazer algum investimento. Então é preciso acertar de primeira, porque não vai haver segunda chance", diz.

Entre o início do planejamento e o começo das vendas no exterior, em geral vão de de seis a 18 meses.

Ele recomenda alguns passos que o empresário deve seguir quando decide vender fora do país. O primeiro é fazer um diagnóstico da empresa dos produtos. A ideia é encontrar qual a melhor mercadoria para a venda e qual o país ideal para começar.

"Em geral, é preciso fazer alguma adaptação, seja na cor, no nome ou na embalagem", afirma Farias. "Em alguns casos, vale a pena procurar um parceiro no país de destino para cuidar da parte comercial."