Setor de café em cápsulas já atrai ao menos 60 empresas pelo País
Istoé Dinheiro OnlineO potencial de mercado dos cafés em cápsulas tem atraído investimentos não só de grandes companhias. Empresas de pequeno e médio porte passaram a enxergar no segmento uma forma de consolidar suas marcas e ganhar uma fatia desse novo setor.
Atualmente existem mais de 60 empresas que investem no nicho, chamado de monodose. Há um ano, esse número não passava de oito, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
De 2013 para 2014, as cápsulas cresceram 52,4% em volume e 55,5% em vendas, alcançando os 660 mil quilos e R$ 90,8 milhões em receita, segundo pesquisa feita pela Nielsen a pedido da Abic. "É um mercado muito atraente, com valor agregado elevado", afirma o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.
Para quem pensa em empreender, entretanto, é preciso cuidado: não vale apenas encapsular o café. A empresa precisa traçar estratégias para saber onde e como pretende vender o produto. O empresário Fabrizio Serra, por exemplo, escolheu o modelo de clube de assinaturas para lançar a marca Moccato com outros dois sócios. Tudo começou quando ele fundou a startup ChefsClub há três anos e, desde então, estava em busca de um novo mercado para investir. Optou pelo modelo de recorrência e de cafés em cápsulas com o diferencial de oferecer um produto fresco - a cápsula é enviada ao consumidor sete dias após a torra.
O valor dos planos para envio de 30 a 90 cápsulas variam de R$ 48 a R$ 125. O negócio exigiu investimento de R$ 1 milhão e a meta é atingir R$ 3 milhões de faturamento nos próximos 12 meses e ainda conquistar 20 mil assinantes até o fim de 2016.
"Esse valor de R$ 1 milhão é muito bom para a empresa começar, mas não será o único dinheiro que vamos precisar", diz Serra, que já conta com aporte de um investidor anjo e, até o final do ano, pretende contar com o suporte de fundos de capital de risco. Para testar a aceitação do produto, Serra lançou a marca durante uma campanha de crowdfunding no site Kickante. Em duas semanas, a campanha arrecadou quase R$ 20 mil de 378 apoiadores.
Já a diretora comercial Liana Baggio Ometto é a quarta geração da família envolvida com cafés. Com a queda da patente da Nespresso, a Baggio, de Araras, resolveu investir na própria cápsula há quase um ano. "Não queremos ser grande, queremos ser especiais", diz Liana, que vende um café gourmet com três perfis de torra e vai lançar uma cápsula aromatizada no mês que vem.
A marca começou com a venda de 15 mil cápsulas por mês e hoje vende 40 mil. A meta é dobrar esse número até o fim do ano. A intenção da empresa não é brigar com a Nespresso, mas ser mais uma opção para o consumidor. "O nosso café é mais artesanal", diz. Hoje, as cápsulas representam 20% do faturamento da empresa com a expectativa de chegar a 50% em até dois anos.
Terceirização
Segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Abic, a possibilidade de terceirização do serviço de encapsulamento do café ajudou na entrada de novos produtores nesse mercado. Com cerca de R$ 9 mil é possível adquirir 17 mil cápsulas, afirma.
Uma das empresas que oferece esse serviço é a portuguesa Kaffa, instalada em Ribeirão Preto desde julho de 2014. Com a produção média de 1,8 milhão de cápsulas por mês, a empresa tem uma carteira de 60 clientes, entre produtores, torrefadores e operadores. "A cápsula tem muito valor agregado.
Além do encapsulamento, também orientamos a empresa na escolha das opções e formatos para comercialização", analisa o diretor comercial e de marketing da Kaffa, Alexx Noga. Além do consumidor final, a empresa pode vender para restaurantes e escritórios, por exemplo.