21/12/07 16h12

Setor de brinquedos planeja ser menos dependente da China

Valor Econômico - 21/12/2007

Após passar por um ano turbulento, a indústria de brinquedos tenta compensar o Dia das Crianças, que foi prejudicado pelos recalls que ocorreram neste ano, com um Natal forte em vendas. Porém, esse não é o único desafio que o setor tem pela frente. Neste momento, a indústria tenta encontrar uma maneira de diminuir sua dependência da China, a maior fabricante de brinquedos do mundo. Protagonista de uma onda de recalls de brinquedos globais em 2007, a China tenta recuperar sua reputação. O país está implementando regras internacionais de qualidade para serem usadas dentro de suas fábricas. No entanto, as mudanças elevarão o custo de produção chinês. Celso Pilnik, diretor da PBKids, afirma haver ainda outro fator que influenciará os preços dos brinquedos chineses. "Os salários dos trabalhadores naquele país têm aumentado", diz o diretor da rede varejista, que importa entre 10% a 15% da receita da empresa e que fechará o ano com 40 lojas. Carlos Tilkian, presidente da Brinquedos Estrela, chama a atenção também para a alta da cotação do barril do petróleo - que já chega a 50% -, pois a indústria compra muito plástico. Hoje, as peças e os brinquedos importados representam 30% da receita da Estrela. A empresa teve receita operacional líquida de R$ 54,2 milhões (US$ 24,9 milhões) em 2006 e estima crescer de 30% a 35% este ano. Tilkian calcula que o setor, que fatura cerca de R$ 1 bilhão (US$ 561,8 milhões) por ano, importe mais de 50% dos produtos. A estratégia da Gulliver também passa por uma dependência menor do mercado chinês. A empresa, que anunciou o recall da linha Magnetix em agosto, diminuirá a quantidade de produtos importados, que hoje respondem por 70% do seu faturamento, e aumentará a produção no Brasil. Hoje, a fábrica da empresa trabalha com 70% de capacidade ociosa. Além do custo chinês, há outro fator de pressão sobre o preço dos brinquedos. Uma portaria do Inmetro passou a obrigar a certificação dos produtos lote a lote (antes, era preciso certificar apenas uma amostra). Nesse formato, os produtos ficam mais tempo no porto e há um maior gasto com os laboratórios certificadores.