Setor de alimentos e bebidas participa de feira mundial em busca de espaço na Ásia
Valor EconômicoCom uma movimentação que responde por quase 40% das exportações brasileiras, o setor de alimentos e bebidas começa a dar passos para conquistar espaço no mercado asiático. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) organiza a participação brasileira na Sial 2016, a maior feira mundial de inovação em alimentos e bebidas, que será realizada entre os dias 16 e 20 deste mês, em Paris.
A agência espera que as empresas brasileiras movimentem US$ 1,2 bilhão em negócios nos próximos 12 meses. Este ano, 102 delas estarão presentes, ocupando área de 2.800 m2. Será oitava participação organizada pela Apex na feira. A expectativa dos organizadores da Sial é que 7 mil empresas e 160 mil visitantes de mais de 190 países participem da feira.
Na última edição, em 2014, 85 empresas brasileiras fizeram 8.700 reuniões com compradores de diversos países, que resultaram na projeção de US$ 1,1 bilhão em negócios. Neste ano, a Apex está investindo cerca de R$ 5 milhões no evento,
O gerente de exportações da Apex, Christiano Braga, destacou que há uma tendência de crescimento do mercado asiático como um todo, com destaque para a China, em função da elevação da renda e da mudança de hábitos de sua população. Segundo ele, além de reforçar a importância das commodities, o Brasil precisa trabalhar no exterior a imagem de seus produtos de valor agregado, que vão desde as carnes e os cafés especiais, passando pela cachaça e o chocolate, até as massas e biscoitos.
Braga considera que a União Europeia permanece como um mercado estratégico, destacando-se como destino de 15,7% das exportações de alimentos e bebidas do país no ano passado. "Hoje, o Brasil é um país reconhecidamente competitivo no que se refere ao agronegócio, mas é preciso avançar para outras tendências que o mercado, com destaque para o asiático, tem apontado. A população começa a se preocupar mais com segurança alimentar, rastreabilidade e outros atributos de agregação de valor", disse Braga.
No último dia da feira, paralelamente às exposições em Paris, a Apex promoverá em Bruxelas o seminário "UE e Brasil: Uma parceria para o Progresso". A proposta é discutir o agronegócio sustentável junto a formuladores de políticas públicas e organizações não governamentais europeias do setor.
Segundo a agência, entre os pontos a serem abordados estão o comprometimento brasileiro com a proteção ambiental, a produção sustentável com valorização do bem-estar animal e a segurança alimentar.
Segundo Braga, a Apex buscou escolher grandes produtores com capacidade técnica para ampliar os negócios com o exterior e desenvolveu todo um trabalho de orientação dos empresários que vão a Paris. Em uma das ações previstas, compradores do mercado árabe serão levados para visitar o pavilhão do Brasil.
"O Brasil tem hoje uma grande chance e a feira é uma plataforma importante de posicionamento para os mercados mundiais. É uma feira na Europa, mas que atrai compradores de várias partes do mundo, entre eles Arábia Saudita e Emirados Árabes, que são abertos para os produtos brasileiros", disse Braga.
No caso do mercado asiático, o gerente da Apex avalia que carne, frango e cafés especiais têm ganho espaço importante nas negociações. Segundo ele, há potencial também para trabalhar a venda de laticínios, cujo avanço depende ainda de um mapeamento das barreiras fitossanitárias aos produtos brasileiros. "Temos uma articulação com os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores para mapear essas barreiras e trabalhar o acesso desses produtos aos mercados", afirmou.