27/04/20 14h17

Setores de alimento, energia e manufatura viram prioridade na China com coronavírus

Pandemia global fez com que governo chinês ajustasse status de desenvolvimento industrial do país, dando maior foco para segurança alimentar e manutenção de empregos

InvestSP

A estratégia de retomada do crescimento econômico da China, muito ligada à política de desenvolvimento industrial do país dos últimos anos, que prioriza setores de alta tecnologia, como inteligência artificial, precisou ser ajustada diante do avanço do novo coronavírus pelo mundo e no país asiático. Segmentos como alimentação, energia e manufatura ganharam recentemente mais espaço para os governantes chineses diante da pandemia global. 

“É importante dizer que a estratégia de longo prazo do governo chinês não mudou, que é a atualização da indústria chinesa. Setores de alta tecnologia, inteligência artificial e logística sempre serão muito importantes para a China e serão estimulados pelo governo. Agora, com a crise, surgiram mais prioridades, e alguns setores estão recebendo investimentos”, afirma José Mário Antunes, diretor do escritório da InvestSP em Xangai. Para ele, o cenário atual cria uma série de oportunidades para as empresas brasileiras, em especial as paulistas do setor de alimentos. 

A preocupação com a segurança alimentar, que sempre foi tratada com muita cautela pelos chineses, voltou a ganhar atenção, diante de uma maior dificuldade em se encontrar fornecedores que garantam, além de estabilidade no abastecimento diante da crise, mas também segurança sanitária.  

As compras de proteínas de origem animal da China, por exemplo, seguem intensas. Mesmo depois de as importações terem subido significativamente no ano passado por conta da crise sanitária que devastou o rebanho suíno chinês, dados do governo chinês mostram que no primeiro trimestre de 2020 a demanda se manteve firme. Entre janeiro e março deste ano foram importadas 951 mil toneladas de carne suína e 513 mil toneladas de carne bovina, volume que representa um crescimento de 170% e 65%, respectivamente.  

Na mesma linha, o Ministry of Agriculture and Rural Affairs da China informou que vai implementar um programa para acelerar a ampliação da cadeia de frio para armazenamento e preservação de produtos agrícolas do país. O objetivo é construir uma infraestrutura que possa preservar frutas, legumes e outros produtos em patamares mais elevados do que os apresentados até o momento pelos “wet markets”. 

Além da segurança alimentar, setores estratégicos para a geração e manutenção de empregos como construção civil, indústria manufatureira e energético têm sido incentivados nesse momento de crise global.