Setor de algodão trabalha por qualidade logística nas exportações pelo Porto de Santos
Terminais recebem certificados de associações ligadas à commodity
A TribunaRepresentantes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) se reuniram nesta quarta-feira (16), em Santos, para debater sobre o Programa Algodão Brasileiro Responsável para Terminais Retroportuários (ABR-Log). Trata-se de uma certificação socioambiental voltada a uma logística eficiente que garanta a qualidade do produto de exportação até o seu destino. Quatro terminais do Porto de Santos receberam a certificação.
O encontro ocorreu na Associação Comercial de Santos (ACS). Segundo o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, o ABR-Log é um estímulo ao setor que tem por objetivo tornar o Brasil o maior fornecedor global de algodão. Atualmente, o País só perde para os Estados Unidos. O certificado é voltado ao elo responsável pelo recebimento dos fardos, armazenagem e estufagem do contêiner, até o embarque da carga e integra a iniciativa Cotton Brazil, de promoção da fibra brasileira no exterior.
“O ABR-LOG é uma certificação voltada às boas práticas tanto na questão ambiental, trabalhista e, principalmente, de organização. Na hora que vai estufar esse fardo de algodão, ele tem que chegar com qualidade, intacto, aos clientes lá fora. É a qualidade que nós estamos trazendo a esse elo da cadeia que é a exportação por meio dos terminais”.
Schenkel ressaltou que a eficiência logística é necessária, pois é esperado um aumento na produção. “Estimamos uma produção de mais de 3 milhões de toneladas, maior que a de 2022, que foi de aproximadamente 2,6 milhões de toneladas. Dessas, 700 mil toneladas ficam no Brasil, são distribuídas para as nossas indústrias têxteis. Então, nós temos em torno de 2,5 milhões de toneladas de algodão que têm que ser exportados. A maior parte, cerca de 95%, por Santos”.
Nesta quarta-feira, quatro terminais portuários santistas receberam a certificação ABR-LOG: S. Magalhães, Essemaga, Hipercon e LDC. O presidente da Anea, Miguel Faus, explicou que a certificação ABR-Log é custeada pelas companhias. “Começaremos com esses quatro terminais, mas a ideia é que todos os terminais de Santos e de outros portos do Brasil obtenham essa certificação”.
“Contratamos uma auditoria, a Control Union, que faz a certificação junto aos terminais, usinas e produtores. Existe um custo, menos de R$ 10 mil, que geralmente é pago pelo terminal que tem interesse em obter a certificação. O custo é insignificante se comparado ao benefício que ele traz. A gente não espera que os terminais atendam 100% dos itens inicialmente, mas com o tempo esses índices vão melhorando”, afirmou Faus.
Faus projeta que o ABR-Log se torne uma espécie de selo de qualidade reconhecido internacionalmente. “Com o tempo, isso passará a ser uma exigência do comprador lá fora”, disse ele, complementando que a certificação atestará a qualidade da logística desde o transporte do algodão por caminhão, o embarque no contêiner e a apresentação do produto na chegada aos clientes internacionais.
O presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Mauro Sammarco, disse que “o algodão que é exportado é estufado nos terminais do Porto de Santos. Embora não seja a maior carga movimentada, traz muitos serviços para a região. E a gente está falando de um universo de 100 mil contêineres por ano, com potencial de crescimento. É uma carga extremamente importante”.