12/07/07 11h50

Setor calçadista pode iniciar fase de consolidação

Gazeta Mercantil - 12/07/2007

Os preços dos calçados importados da China alteraram o cenário do setor calçadistas no Brasil, principalmente dos exportadores. Em meio a essa pressão chinesa, os grandes players do setor se movimentam em direção a consolidação e o primeiro grande negócio deve ser finalizado até o final desta semana: a aquisição da Azaléia pela Vulcabrás, o que deve gerar uma gigante com faturamento de R$ 1,7 bilhão (US$ 883,6 milhões). "A consolidação é mundial em todos os setores. Cedo ou tarde isso vai ocorrer no setor calçadista do Brasil também. Isso é muito bom. Com mais de 7 mil empresas, os calçadistas talvez sejam o setor da economia mais aberto a essa possibilidade", disse Adimar Schievelbein, consultor internacional da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados). Milton Cardoso, presidente da Abicalçados e da Vulcabras, afirmou que espera concluir as negociações com a empresa até a próxima sexta-feira. Segundo ele, as negociações aguardam apenas definições relativas ao valor a ser pago, mas a conversa com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deve financiar o negócio, já estão em andamento. O executivo garantiu à Gazeta Mercantil que a empresa não deve realocar produção de suas unidades brasileiras (localizadas em Jundiaí, São Paulo, e Horizonte (CE) para a recém-comprada unidade da Indular, na Argentina. Cardoso afirmou também que a empresa já renovou o contrato de licenciamento com a marca Reebok, que acabaria em 2012 e foi prorrogado até 2015. Enquanto até recentemente as exportações do setor eram focadas em quantidade, competindo diretamente com os produtos chineses, o enfoque agora passou a ser o valor agregado. O volume de pares exportados diminuiu de 265 mil de janeiro a maio de 2006, para 243 mil durante o mesmo período deste ano. A receita em dólares, entretanto, aumentou de US$ 2,37 bilhões para US 2,39 bilhões. Além de exportação de produtos com maior valor agregado, outra tendência do setor é a instalação de unidades produtivas em países onde o câmbio seja mais fraco que o real, o que geraria competitividade em relação aos produtos chineses.