08/07/10 07h15

Setor calçadista deve investir US$ 278 milhões

DCI

Nem mesmo a concorrência dos calçados chineses inibe os planos de crescimento das duas maiores empresas do País no setor: Vulcabras e Alpargatas. Aliás, é justamente para ter condições mínimas de competição com os asiáticos que as companhias planejam investimentos milionários em estratégias que garantam seu avanço no mercado. Os investimentos do setor como um todo podem chegar a R$ 500 milhões (US$ 278 milhões) neste ano, uma alta de 25% em relação ao ano passado, segundo Heitor Klein, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O reforço é para atender um aumento de 5,5 % da produção, que deve alcançar 858 milhões de pares neste ano.

A Vulcabras/Azaléia, uma das líderes da produção de calçados do Brasil, planeja aportes de aproximadamente R$ 98 milhões (US$ 54,4 milhões) para expandir suas fábricas. Hoje, a companhia tem 26 unidades fabris. Os recursos fazem parte da estratégia da companhia de aumentar a capacidade de produção, com foco na marca como diferencial na disputa com os chineses, afirma Pedro Bartelle, diretor de Marketing da Vulcabras.

Hoje, o segmento de esportivos equivale a 70% do negócio da companhia, que pretende intensificar o foco nesse negócio, especialmente na marca Olympikus, que responde por 50% da receita. "Vamos trabalhar na internacionalização da marca", conta Bartelle. A empresa, detentora das marcas Olympikus, Reebok, Opanka, Azaléia e Dijean, produz cerca de 200 mil pares por dia. Os insumos para produção dos calçados são, na grande maioria, nacionais: apenas 6,2% correspondem a matéria-prima importada, o que facilita a operação, segundo o diretor. "Nossa dificuldade no setor são as taxas de câmbio", afirma Bartelle, referindo-se as exportações. Os embarques ao exterior correspondem a 15% de toda a produção da companhia, e abastecem 27 países. A Vulcabras fechou o primeiro trimestre com R$ 424 milhões (US$ 235,6 milhões) em faturamento - alta de 19,5% ante igual período de 2009.

Assim como a Vulcabras, a Alpargatas pretende investir em expansão das suas unidades fabris no País para aumentar a capacidade de produção, segundo Carla Schmitzberger, diretora de Negócios do grupo. "Estamos em definição quanto a se a ampliação será nas unidades já existentes ou se abriremos uma nova unidade", conta. A produção de Havaianas chega a 180 milhões de pares ao ano, representando cerca de 50% do negócio total da empresa. Outro investimento será na linha de bolsas e tênis, que, com a extensão da marca Havaianas, pode representar, em quatro anos, 10% do faturamento da companhia.

As exportações das sandálias feitas de borracha equivalem a 13% da produção nacional. Entretanto, com a expansão prevista e com a recente abertura da primeira loja nos Estados Unidos, a expectativa da companhia é que este percentual aumente. No primeiro trimestre deste ano, a Alpargatas, que também tem as marcas Dupé, Topper, Rainha, Mizuno e Timberland, registrou lucro de R$ 69,5 milhões (US$ 38,6 milhões), ante R$ 20,5 milhões (US$ 10,4 milhões) até março de 2009.