24/09/18 11h54

Sete cidades têm melhor nível de emprego desde 2011

Diário do Grande ABC

Flavia Kurotori

Entre janeiro e agosto deste ano, o Grande ABC contou com criação de 9.590 postos de trabalho formais. Trata-se de melhor resultado para o período desde 2011, quando foram gerados 23.358 empregos, e o primeiro saldo (diferença entre admissões e demissões) positivo desde 2013. No balanço do mês, 1.915 vagas foram abertas, também registrando o melhor desempenho em sete anos – à época, houve 2.942 contratações.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregado) foram divulgados ontem pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e tabulados pelo Diário.

“O resultado é positivo se considerarmos que somos um País saindo da recessão, mas ainda não aponta uma retomada, pois temos uma eleição indefinida”, afirmou Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia. “Temos que aguardar para saber se o candidato eleito irá retardar ou acelerar a recuperação da economia e, consequentemente, dos empregos.”

Ao mesmo tempo, Jefferson José da Conceição, coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), salientou que este desempenho é positivo, porém, as dificuldades econômicas ainda persistem. “Estes 9.590 postos de trabalho mostram que o mercado está retomando, mesmo a taxas baixas”, disse, referindo-se ao fato de que, mesmo com a geração de emprego neste ano, ainda se tem saldo negativo em 21.213 postos de 2011 para cá. “Para frente, temos o cenário de guerra comercial, crise na Argentina e ajustes fiscais do novo governo. Com a somatória destes três pontos, o número (de vagas) pode ser um pouco menor em 2019”, complementou.

POR SETOR - O setor de serviços impulsionou a geração de empregos em 2018, com saldo positivo de 6.584 oportunidades. Balistiero destacou que, atualmente, este é o ramo de atividade mais importante para a economia brasileira. “É natural sua capacidade de contratações, além de ser setor que exige mão de obra menos qualificada, sendo alternativa para quem perdeu o emprego durante a crise”, assinalou.

Conceição indicou, ainda, que o setor de serviços possui “grande aderência com as novas formas de contratação, como o trabalho intermitente, previsto pela reforma trabalhista”. “No entanto, ainda não sabemos se este impacto é positivo ou negativo”, ponderou.

A construção civil foi o segundo ramo que mais contratou neste ano: 1.993 operários. “A região se tornou verdadeiro canteiro de obras públicas uma vez que, em ano eleitoral, os governantes querem mostrar resultados”, explicou Balistiero. “Fora isso, o setor ainda não reagiu, pois depende muito da disponibilidade de crédito e do crescimento na confiança do consumidor”, completou.

Embora a indústria tenha criado 1.528 postos no período, o especialista avaliou que apenas quando o ramo contratar por um ou dois anos consecutivos “poderemos considerar que recuperamos a economia”, dado que o setor concentra salários e benefícios maiores. No comércio, foram extintas 515 vagas no saldo de 2018.

Em agosto, o desempenho foi impactado positivamente por comércio, com 774 admissões; serviços, 759; e construção, 573. Único setor com saldo negativo no mês foi o da indústria, com cortes de 191 trabalhadores.

Em todo País foram criadas 110,4 mil postos em agosto – melhor resultado para o mês desde 2013 –, impacto puxado pelo setor de serviços, cujo saldo foi positivo em 66,2 mil postos. No ano, houve 568 mil admissões.