02/03/09 10h21

Serviços, exportações e mínimo explicam cenários díspares para PIB

Valor Econômico - 02/03/2009

As projeções para o crescimento da economia brasileira em 2009 ainda seguem bastante divergentes. A Economist Intelligence Unit (EIU) projeta queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5%, ao mesmo tempo em que a LCA Consultores estima alta de 2,5%. A tendência de bancos e consultorias, porém, é de revisar para baixo as previsões, devido à perspectiva de que o cenário externo continue ruim por bastante tempo, às condições desfavoráveis do crédito e à deterioração do mercado de trabalho. Mesmo a LCA diz que a "incerteza global persistente" eleva de 35% para 40% a possibilidade de concretização do "cenário adverso", no qual o PIB cresceria 1,2%, e não 2,5%. As estimativas são de que, em 2008, a expansão superou 5%. O economista-chefe do JP Morgan, Fábio Akira, prevê crescimento de 0,8% para 2009, mas diz que a projeção tem "viés de baixa". O seu número pressupõe um cenário externo mais benigno no segundo semestre, que abra espaço para uma retomada mais forte do Brasil. Divisão de pesquisa do grupo que edita a revista britânica "The Economist", a EIU aposta que a economia global terá uma contração de 1,9% em 2009, um dos motivos que levaram a consultoria a reduzir a projeção de expansão do Brasil de uma alta de 1,6% para uma queda de 0,5%. "Nós mantemos a visão de que o Brasil está entre os países mais preparados para emergir rapidamente e de forma sólida da recessão global, mas a crise tem se mostrado tao dramática e o cenário internacional tem se deteriorado de maneira tao rápida que ficou claro que o Brasil sera fortemente afetado este ano", diz Érica Fraga, analista para a América Latina da EIU. Ela projeta um recuo de 5,4% para o volume exportado de bens e serviços neste ano. Mas há quem tenha projeções menos pessimistas. O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, acredita num crescimento de 2,2%, embora sua previsão seja mais alta em grande parte por motivos relacionados à metodologia de cálculo das contas nacionais. A expectativa generalizada é de que a produção industrial cairá neste ano, mas o mesmo não deve ocorrer com a indústria no PIB, diz ele. O ponto é que a extração de petróleo e gás tem peso bem maior na segunda, explica Montero. Como o setor deve ter um resultado razoável neste ano, tende a puxar para cima o número da indústria no PIB.  Segundo ele, três grupos importantes do setor de serviços - administração pública, intermediação financeira e aluguéis, com peso de 27% do PIB - servirão como um "amortecedor" para a desaceleração da economia. Ele observa que a intermediação financeira, para a qual projeta alta de 6,7% neste ano, é medida pela evolução do volume do spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram para emprestá-los). "E ele crescerá, como consequência de um spread maior sobre um estoque de crédito mais elevado". Para a administração pública, Montero estima crescimento de 2,2%. "Ela segue basicamente a expansão do contingente de funcionários, que não deve diminuir de 2008 para 2009".