Sergomel profissionaliza gestão e mira triplicar receitas até 2030
Planos para 2025, quando fabricante completa 50 anos de história, são investir R$ 40 milhões na verticalização do processo produtivo e no relançamento de produtos
AutoDataApós considerar fechar as portas em 2019, diante de grave crise, a Sergomel apostou na profissionalização da gestão da empresa de origem familiar e, desde então, passou a desenhar trajetória ascendente. A virada foi tão grande que os planos são de forte expansão a partir deste ano, em que a fabricante de implementos para transportes rodoviário, canavieiro e florestal de Sertãozinho, SP, completa cinco décadas de história.
O planejamento está pautado na verticalização do processo produtivo: a empresa avalia a aquisição de fabricantes de partes dos equipamentos e de empresas concorrentes, a fim de ganhar mercado. Outra aposta para celebrar os 50 anos de trajetória será o relançamento de produtos esquecidos pela implementadora, mas que são avaliados com forte potencial, a exemplo do porta-conteiner e do rodo basculante. Os investimentos programado superam os R$ 40 milhões, segundo o CEO Marcos Dandaro contou em entrevista à Agência AutoData.
A Sergomel faturou R$ 324 milhões no ano passado, 6,2% acima dos R$ 305 milhões obtidos em 2023. Para 2025 o objetivo é que as receitas cheguem a R$ 350 milhões, aumento de 8%. Mas, na visão mais otimista do executivo, as cifras poderão alcançar R$ 380 milhões, o que configurará expansão de 17,2%. “Dentro de cinco anos, ou seja, em 2030, nossa meta é atingir R$ 1 bilhão de faturamento.”
Até 2027 a fabricante de implementos seguirá com foco na reestruturação e no reposicionamento da marca. Para tanto cargos estratégicos vêm sendo ocupados, pouco a pouco, por pessoas de fora da família, profissionais de mercado. “Outro ponto alterado é que havia um aculturamento passivo na empresa de apenas esperar o pedido chegar, em vez de se antecipar e sempre pensar no próximo produto a ser desenvolvido e atacar.”
Dandaro relembrou que a companhia, fundada por Oswaldo Ilceu Gomes em 1975, nasceu com o objetivo de atender às usinas sucroalcooleiras – inicialmente, eram feitas reformas e adaptações nas carrocerias e, em 2000, foi homologado o primeiro implemento –, medida seguida exclusivamente até 2013.
Diante de turbulência que afetou os setores de agro e cana surgiu a ideia de ampliar a produção para o segmento florestal. Entretanto, o período econômico, mais uma vez, não era favorável, pois o País àquela altura enfrentava recessão e tudo ficou mais complicado para quem trabalhava com o transporte de cargas.
Um dos primeiros passos foi implantar governança
No fim de 2019, com alto endividamento e já considerando fechar as portas Gomes propôs que Dandaro, que fez carreira no Itaú BBA, migrasse do mercado financeiro e ocupasse o cargo de superintendente da Sergomel. Durante a pandemia, que quase tirou a vida do fundador e então CEO, ele tomou a decisão de que passaria o bastão ao seu contratado e presidiria o conselho da empresa.
“Lembro-me que em 2020 havíamos faturado R$ 1,2 milhão com a venda de 1 mil 10 carretas. Em 2024 obtivemos R$ 40 milhões com 1 mil 580 unidades, ampliando a rentabilidade”, contou. “Quanto ao endividamento da companhia, que chegou a R$ 43 milhões, também conseguimos zerá-lo no ano passado. Crescemos as vendas e fechamos o ralo de despesas.”
Foi implantada governança em 2021, em processo concluído em 2023. Auditoria realizada em 2022 identificou R$ 12 milhões pagos em impostos em cima de estoque inexistente. A compra de aço direto de usinas, em vez de terceiros, e a redução de passivos trabalhistas, também ajudaram a economizar.
Hoje a Sergomel detém em torno de 60% do mercado de canavieiro e 15% do florestal. E, para conquistar maiores fatias e ingressar em outros segmentos, além do interesse em aquisições, estão sendo feitos investimentos em equipamentos, a exemplo de R$ 14 milhões aportados em máquinas de laser – uma delas, inclusive, será entregue em fevereiro – e R$ 15 milhões em cabine de pintura, robôs e dobradeira que opera sistemas operacionais.
Com a automação de projetos a capacidade produtiva da fábrica de Sertãozinho passou de 1,5 mil implementos por ano para 2 mil por ano. E em 2025 a expectativa é fabricar entre 1,8 mil e 1,9 mil unidades. Nos últimos cinco anos o número de funcionários mais do que dobrou, de 162 para 389.
Estreia na Fenatran se deu aos 49 anos de trajetória
Foi neste cenário que a empresa sentiu-se pronta para fazer sua estreia na Fenatran, em novembro do ano passado. A participação fomentou possibilidade de negócios da ordem de R$ 41 milhões, dos quais R$ 38 milhões foram efetivamente fechados.
“Inicialmente esperávamos que fôssemos vender de R$ 5 a R$ 8 milhões. Entendemos que nossa participação era para plantar uma sementinha, então toda esta demanda nos surpreendeu”, disse Dandaro. “Não vimos nenhum outro equipamento para canavieiro e florestal exposto. Na próxima edição exploraremos ainda mais esta oportunidade.”