18/02/10 11h11

Segmenta cresce em soro hospitalar e busca novo mercado

Valor Econômico

A Segmenta, laboratório voltado para o mercado hospitalar, com sede em Ribeirão Preto (SP), deu um salto tão grande que chegou a surpreender seus principais acionistas. A empresa, que fazia parte dos ativos da farmacêutica Biosintética, vendida em 2005 para o grupo Aché, ficou de fora da negociação. Depois de uma forte reestruturação, a companhia decidiu fazer suas apostas em soro hospitalar, segmento em expansão no país, e planeja aquisições no setor de saneantes (assepsia hospitalar).

A virada ocorreu em 2008, com a mudança regulatória promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabeleceu o sistema fechado para soluções parenterais (soro) no país. Na prática, a alteração obrigou todos os laboratórios que atuavam nesta área a fazer investimentos para reduzir os riscos de contaminação hospitalar. "O mercado de soro passou por uma profunda reestruturação regulatória em 2008, estimulando o setor", afirmou Omilton Visconde Jr., presidente do grupo. "Há cerca de dois anos, esse setor movimentava R$ 400 milhões (US$ 218,6 milhões). No ano passado, ficou em torno de R$ 1,2 bilhão (US$ 609 milhões)."

Com a mudança do sistema aberto para o fechado na produção de soro, o mercado começou a ganhar mais força, uma vez que poucas empresas se reestruturaram para atender ao novo formato do setor. Em 2007, a recém-reestruturada companhia registrou um faturamento de R$ 20 milhões (US$ 10,4 milhões). No ano seguinte, teve uma receita de R$ 56 milhões (US$ 30,6 milhões). Em 2009, encerrou com R$ 144 milhões (US$ 73,1 milhões). "Projetamos uma receita de R$ 200 milhões (US$ 108,1 milhões) para este ano", afirmou o executivo.

A meta da empresa é avançar também no segmento complementar, que inclui a área de saneantes hospitalares. "Estudamos aquisições de empresas que atuam em soro e também nessa nova área", disse Visconde. Em 2008, a empresa investiu cerca de R$ 70 milhões (US$ 38,3 milhões) em uma unidade nova para se adequar ao novo sistema de produção de soro. A expansão possibilitou a empresa obter 25% de participação nesse mercado, ante os 20% anteriores.

Segundo Visconde, a empresa estuda duas aquisições. Se derem certo, avança no mercado de soro - a meta é obter uma fatia de 30% - e também estreia na área de saneantes. Os recursos para este avanço serão da ordem de R$ 60 milhões (US$ 32,4 milhões). "Se tudo sair como o planejado, concluiremos as aquisições ainda neste semestre", disse. Um dos seus possíveis alvos é avançar nas regiões Sul e Sudeste do país. Com planos mais ambiciosos, Visconde, o principal acionista da companhia, não descarta abrir o capital da empresa nos próximos três anos.