Sebrae e Endeavor se unem e lançam parceria inédita
Programa de ‘mentoria’ vai capacitar donos de empresas com alto potencial de crescimento
Estado de S. PauloUma indicação de que os programas que viabilizam o apadrinhamento de startups por grandes empresários podem se popularizar no Brasil é o novo investimento do Sebrae. A instituição acaba de fechar contrato com a Endeavor, ONG global de fomento ao empreendedorismo, para pôr em prática aquele que pode ser o primeiro grande ciclo de “mentorias” pelo País.
Voltada para empresas de alto crescimento – aquelas que aumentaram em pelo menos 20% ao ano o número de empregados, por um período de três anos consecutivos –, o plano do Sebrae é atingir mil negócios com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões em 2015.
A lista de regiões que receberão o programa não está fechada, mas muito provavelmente contemplará São Paulo, Rio, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Um piloto do que deve ser o projeto já está em operação em Santa Catarina e no Paraná. O Sebrae desembolsou R$ 1,6 milhão para buscar 70 empresas (35 em cada Estado) e iniciar um plano de tutoria personalizado, que busca organizar a gestão financeira, operacional e o posicionamento dos negócios de acordo com o mercado de atuação de cada um. “Começamos a trabalhar a ideia em dezembro e, no começo de 2015, selecionamos as empresas que, de alguma forma, já participavam ou participaram de nossos programas avançados de treinamento, como o Sebraetec”, afirma Luiz Barretto, presidente do Sebrae nacional.
“As empresas integram o programa por mais ou menos seis meses. Nesse tempo, a ideia é que cada negócio tenha pelo menos de seis a oito pontos de contato conosco, que contemplam mentorias coletivas e individuais”, diz Juliano Seabra, diretor-geral da Endeavor, que vai disponibilizar sua rede de aproximadamente 1 mil mentores – empreendedores, professores e executivos que atuam voluntariamente na organização.
“No piloto do Paraná e de Santa Catarina, teremos a participação do Romero Rodrigues, fundador do Buscapé Company, que vai realizar mentoria coletiva.”
Prática. “Acho que o principal do programa, até agora, foi nos ajudar com ideias para a gestão da nossa empresa”, diz Victor Levy, um dos participantes do programa-piloto. Ele trabalha, desde 2011, para dar projeção à sua startup lançada em Florianópolis, a CataMoeda. O negócio fabrica máquinas que permitem que o cliente troque suas moedas por bônus oferecidos por estabelecimentos comerciais.
Para Wagner Elias, dono de uma empresa de segurança cibernética em Curitiba, a Conviso, o programa deve ajudá-lo a buscar investidores. “Passamos por uma mentoria voltada para nossa gestão financeira e eles nos fizeram pensar grande. Acho que nos impulsionaram a conhecer mais o nosso mercado e nossos diferenciais para apresentarmos melhor a nossa empresa aos investidores”, diz. “O empreendedor no Brasil é um pouco solitário. A troca de experiências é muito válida.”
Como vai funcionar
Empresas selecionadas
O Sebrae escolherá os participantes de seu banco de dados. Será preciso, portanto, algum relacionamento anterior entre o empreendedor e a instituição.
Quem pode participar
O negócio tem de ser de ‘alto impacto’ – designação que é dada para empresas que elevam o quadro de funcionários em 20% ao ano por três anos seguidos.