Scioli promete fim de barreiras para as exportações brasileiras
Valor EconômicoO governador de Buenos Aires e candidato kirchnerista à Casa Rosada, Daniel Scioli, criticou ontem a tentativa das oposições, na Argentina e no Brasil, de "deslegitimar" o voto popular e afirmou que essa postura é resultado da "impotência" nas urnas. Ele foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, e garantiu ter recebido "bons augúrios" para a reta final da campanha - o primeiro turno ocorre no dia 25 de outubro e Scioli lidera as pesquisas, mas pode ter um duelo apertado com o oposicionista Mauricio Macri caso não liquide a fatura e precise enfrentar um segundo turno.
Em rápida entrevista, após o encontro, Scioli prometeu cumprir as determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e eliminar as declarações juramentadas de importações (DJAI), uma das barreiras protecionistas mais criticadas pelos exportadores brasileiros no mercado vizinho. Ele também ressaltou a "pré-disposição" da Argentina em trabalhar com o Brasil na busca por um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, mas sempre "cuidando da proteção aos trabalhadores" de seu país - o que levanta dúvidas sobre o real desejo do futuro governo argentino, caso conduzido por Scioli, de fazer concessões para fechar o acordo.
Relatando ter visto Dilma bem disposta e fazendo planos para o futuro, o candidato defendeu o direito da presidente brasileira de governar "com toda a legitimidade que ela tem". "Eu sou um fiel defensor da governabilidade e da institucionalidade. Tenho confiança em que as instituições vão atuar com responsabilidade", afirmou. Questionado por jornalistas se era possível extrair lições da crise política no Brasil e lembrado de que se trata de um governo de continuidade, como ele se propõe a ser com Cristina Kirchner, filosofou: "Nossos governos são de continuidade, mas com as mudanças necessárias para acomodar novas demandas. Hoje há novas demandas, não se trata de mudança ou continuidade. É mais complicado que isso."
Depois de ter passado pelo Uruguai, onde reuniu-se com o presidente Tabaré Vázquez pela manhã, Scioli foi ao Planalto acompanhado por seu principal assessor para assuntos internacionais, Rafael Folonier, e outros dois governadores kirchneristas que formariam parte do futuro gabinete presidencial. Também estava o embaixador da Argentina em Brasília, Luis Maria Kreckler, cotado para assumir o Ministério das Relações Exteriores.