23/08/10 15h21

Schmall dissipa neblina da crise e revigora a Volks

Valor Econômico – 23/08/10

Do lado de fora da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, o clima é o mesmo de sempre: o nevoeiro que persiste o ano inteiro se torna mais espesso no inverno, remetendo o visitante a uma atmosfera soturna, quase londrina. Dentro, no entanto, o estado de espírito mudou: operários que há quatro anos discutiam sobre a iminente perda do emprego, hoje se ocupam com trabalho contínuo e hora extra. No último andar do prédio que fica no ponto mais alto do terreno, a vista externa prejudicada pela neblina é o que menos importa. A paisagem que interessa ao presidente da companhia, Thomas Schmall, apoia-se nas planilhas de resultados, que se revezam nas reuniões do dia.

A gestão de Schmall começou em 2007, logo após uma turbulenta reestruturação, que se seguiu à mais aguda crise da história da montadora no país. Na época, a fábrica do ABC parecia fadada a fechar as portas, um cenário que ficou distante. A empresa tirou proveito das condições econômicas, que, nos últimos anos ajudaram na expansão da atividade de toda a indústria automobilística, mas houve mudança interna também. Três anos depois, o maior trunfo do executivo foi ter começado a pagar as dívidas com a matriz. A multinacional teve de emprestar dinheiro para a subsidiária brasileira nos tempos difíceis.

Schmall recorreu a algumas ferramentas de gestão, que o ajudaram a fazer os volumes de produção da maior fabricante de veículos do Brasil crescer acima da média do setor. Entre 2006 e 2009, a produção de veículos aumentou 21%. Na Volks, os volumes ficaram 35% maiores. E mesmo com a entrada de novas marcas no país, as vendas da empresa também alcançaram um índice de crescimento (67%) maior do que a expansão do mercado total (62%). Isso significa que a empresa acrescentou 274,5 mil veículos ao seu volume anual de vendas. É como se mais duas empresas do tamanho da Honda tivessem entrado no Brasil.