31/10/18 11h59

Scania apresenta nova geração de caminhões na América Latina

Modelos fabricados no Brasil chegam ao mercado em 2019; pré-venda já conta com 300 pedidos

Automotive Business

*SUELI REIS

Dois anos após ser lançada na Europa, é a vez da América Latina receber a nova geração de caminhões da Scania, que chega ao mercado brasileiro no início de 2019. Fruto do ciclo de investimento de R$ 2,6 bilhões (US$ 700 milhões) de 2016 até 2020, o maior aporte da empresa no País que vem sendo utilizado no projeto, na preparação da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), onde já estão sendo produzidos, e na rede de concessionárias. A nova geração de caminhões traduz o novo posicionamento da marca, que se define não mais como uma montadora de veículos, mas uma empresa de soluções para o transporte.

“A nova geração de caminhões dá as boas-vindas a uma jornada sem precedentes anunciada há dois anos pela Scania, quando firmou seu propósito de liderar a mudança do transporte para que ele se torne mais sustentável”, declarou o presidente e CEO da Scania para a América Latina, Christopher Podgorski, na noite de segunda-feira, 29, durante a apresentação dos caminhões à imprensa especializada.
Podgorski também foi um dos responsáveis pela introdução da linha na Europa, em 2016, quando ocupava o cargo de vice-presidente global de vendas. O projeto, que por lá atende as normas Euro 6 de emissões, demorou 10 anos para ficar pronto – desde a sua concepção até o lançamento – e consumiu € 2 bilhões.

“A linha é completamente nova e feita sob medida. Viramos tudo do avesso, tudo é novo e nada ficou intocável”, afirma Alexander Vlaskamp, atual VP global de vendas e que veio ao Brasil especialmente para o lançamento.

Por aqui, a linha com padrões Euro 5 de emissões teve sua avant-première em março e já está sendo produzida no complexo industrial da Scania em São Bernardo do Campo (SP), que desde 2016 vem recebendo parte do investimento previsto para a região a fim de alocar os novos produtos. A nova linha Scania será posicionada com preços na faixa de R$ 380 mil a R$ 580 mil.

“São cerca de 600 novas peças, mais de dez mil horas de treinamento e mais de um milhão de quilômetros de testes, tudo isso com a mesma tecnologia e qualidade com que é feito na Europa”, garante Podgorski.
Também com a nova geração a Scania lança três motores movidos a GNV/biometano nas versões de 280 cv, 380 cv e 410 cv com vendas a partir do segundo semestre de 2019.

O diretor comercial da Scania, Silvio Munhoz, revela que a montadora já fechou a primeira demonstração do modelo R 410 6x2 movido a gás no Brasil: ele será utilizado a partir de dezembro próximo pela Citrosuco, empresa fabricante e distribuidora de suco de laranja. O veículo fará o trajeto paulista entre Matão e Santos (SP). “Já estamos em negociação com outros dois clientes que também querem implementar nossos veículos com combustível alternativo”, afirma.
“Não é só um veículo que chega para revolucionar o mercado, mas a forma de vender a nova geração será muito diferente a partir de agora pela rede Scania”, conta o vice-presidente de operações comerciais para o Brasil, Roberto Barral, acrescentando que os veículos serão produzidos de forma personalizada de acordo com o perfil não só do cliente, mas da operação a que o veículo se destina.

O executivo revela que as vendas começam oficialmente nesta semana e que a pré-venda aberta há dois dias já registra o interesse de pelo menos 300 unidades com entregas previstas a partir de fevereiro.
Além de uma linha totalmente renovada, a grande novidade da nova geração de caminhões da Scania está no peso que a sustentabilidade tem para o transporte. Todas as ações de renovação da linha permearam sob três aspectos: eficiência energética, combustíveis alternativos/eletrificação e transporte inteligente e seguro, com forte apelo para a redução de consumo e consequente redução de emissões.

“Assumimos o compromisso, não há uma só solução”, afirma Podgorski ao reforçar a vocação sustentável da nova geração de veículos. “Ouvimos os clientes para atender essa demanda e chegamos a um estado da arte em tecnologia e desempenho.”
A nova geração chega com a promessa de economizar até 12% de combustível. Para isso, a Scania realizou importantes mudanças em conjuntos como powertrain e design aerodinâmico. Nos novos motores foram introduzidos tecnologia de alta pressão de injeção a diesel e com múltiplos pontos, além de receberem novos sistemas de gerenciamento inteligentes. Os blocos de motores passam a ser produzidos em CGI, um composto compactado de ferro e grafite que duplica a resistência a fadiga. Também foram aperfeiçoados componentes como o tanque de Arla 32, o sistema de SCR (redução catalítica seletiva), os cabeçotes, as tampas de válvulas, o sistema de filtragem de combustível e as bombas de baixa e alta pressão.
A família de novos motores é composta por quatro modelos Euro 5 com onze versões, das quais cinco inéditas:

- 7 litros (seis cilindros): de 220 cv (novo), 250 cv e 280 cv (novo);
- 9 litros (cinco cilindros): de 280 cv, 320 cv (novo) e 360 cv;
- 13 litros (seis cilindros): de 410 cv (novo), 450 cv, 500 cv (novo) e 540 cv (estreia mundial);
- 16 litros (V8): de 620 cv.

Na caixa de câmbio GRS905, a Scania introduziu o lay shaft brake, um sistema de freio de eixos que reduziu pela metade o tempo de mudança de marcha, para 0,4 segundos. O sistema também contribui para que a pressão do turbo seja mantida, o que auxilia o veículo a aumentar a velocidade para a próxima marcha com maior torque. Suas modificações representam ganhos de eficiência de até 2%.
No quesito design, a cabine foi totalmente modificada, tanto externa como internamente. Por fora, foi utilizando o conceito de otimização das superfícies para proporcionar resistência mínima do ar: componentes como espelhos retrovisores, luzes e defletores de ar foram modificados. Todo o conjunto aerodinâmico responde por uma melhora de 3% no consumo.

“Essas atualizações tornam a nova geração as maiores máquinas de economia de combustível da história da Scania: a redução de consumo pode chegar a 12%, incluindo o sistema de alta pressão – responsável por 8% da redução - associado com as novas instalações no cofre do motor e a nova aerodinâmica externa da cabine e as inovações da caixa de câmbio ajudam a atingir o índice”, afirma o gerente de pré-venda da Scania no Brasil, Celso Mendonça.

Além disso, a aplicação de serviços de gerenciamento de frota e telemetria podem ajudar a reduzir ainda mais este índice. Segundo o diretor de serviços da Scania, Fábio Souza, os serviços de treinamento são focados na redução do custo operacional. “Considerando só os serviços de treinamento, podemos concluir que a média de redução no consumo de combustível chega a 10%”, afirma.