São Paulo se destaca com novos polos de inovação
Valor EconômicoCampinas e região continuam liderando o polo econômico do interior paulista. Com um PIB de quase 8% do Estado, ali estão instaladas mais de 50 mil empresas, 50 delas subsidiárias das 500 maiores do mundo. É do interior paulista que sai, também, um quarto de toda a produção científica nacional, produzida em universidades como Unesp, Unicamp, USP, ITA e UFscar. "O interior de São Paulo está pelo menos cinco degraus acima de qualquer outro ambiente empreendedor", afirma Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures. "Há muitas cidades, além dos clássicos centros de inovação como Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e São José dos Campos, que começam a despontar". Entre elas, Jardim cita Jaboticabal, na área de veterinária, apoiada pelo campus da Unesp, que gera várias spin offs; Botucatu, também a partir da Unesp, nas áreas de genética e biotecnologia e Piracicaba, no segmento de agronegócio.
"As demais regiões do país, apesar de terem evoluído muito na busca do desenvolvimento de ambientes de incentivo ao empreendedorismo, ainda não têm o mesmo alinhamento do interior paulista", afirma Ivan Hussni, diretor técnico do Sebrae-SP. "Temos uma boa variedade de polos de inovação e tecnologia no Estado onde a parceria público-privada tem sido alinhavada há vários anos", diz Hussni.
Pós-doutoranda, Débora Colombi foi para Botucatu em 2006, a fim de acompanhar o marido, professor da Unesp. Em visita às usinas da região, percebeu uma boa oportunidade para modernizar a análise das leveduras, cujos resultados só ficavam prontos em 15 dias. "Fiz um estudo aprofundado, submeti o projeto à Fapesp e, com recursos da entidade, desenvolvi um processo de identificação de levedura por microssatélite. Os resultados hoje saem em quatro dias", afirma. Débora tem 35 usinas na carteira de clientes e um novo braço de atuação - identificação e quantificação dos contaminantes bacterianos para seres humanos. A inovação levou a empresa de Botucatu a integrar o grupo de 14 startups inovadoras que participam de um projeto da Royal Academy of Engineering, de Londres.
"É este perfil de empresas, com alto grau de inovação, que se multiplica pelo interior do Estado", afirma Sergio Risola, diretor do Cietec. "Muitas cidades têm trabalhado para fazer o seu entorno uma referência em áreas bem específicas, onde são competentes. Vejo nascer em São José dos Campos, por exemplo, um modelo de cidade inteligência muito parecido com o Porto Digital, em Recife". E Risola está certo. São José dos Campos ocupa a sexta posição no Índice de Cidades Empreendedoras 2015 da Endeavor. Além de sediar o Ita, a cidade tem, proporcionalmente, o maior número de funcionários na área de C&T, bem como o maior número de contratos de uso de propriedade intelectual de terceiros - 7,8 para cada mil empresas, sendo que a média do país é seis vezes menor (1,2).
O empresário Marcos Arruda conhece muito bem o que São José dos Campos é capaz de oferecer. Abriu sua primeira empresa, a Invest Campus, ainda quando cursava o segundo ano de engenharia no ITA. O simulador de ambiente de bolsas chamou tanto a atenção que foi vendido ao Grupo Santander dois anos depois de sua criação. Na sequência, abriu a Goldcron, na linha de pagamentos online, base tecnológica da futura Pague Seguro, vendida para o UOL. Foi dono, ainda, de uma desenvolvedora de máquina de pagamento online, da Trustsign e, mais recentemente, abriu a Conta Paga, com foco em gestão de cobrança de pagamento on-line para microempreendedores individuais.
"Mesmo quando vendi a Goldcron para o UOL não pensei em empreender fora da cidade e o próprio comprador manteve a operação em São José dos Campos por cerca de cinco anos", afirma Arruda. "Além de não ter o estresse de um grande centro e contar com forte infraestrutura de inovação, a cidade tem mão-de-obra farta e qualificada na área de tecnologia, a um custo 40% menor que na capital", diz.