São Paulo quer expansão do comércio com os árabes
Embaixadores árabes foram recebidos pelo governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes. Diversificação comercial, laços de imigração e processo de paz foram os temas.
ANBAO estado de São Paulo tem papel fundamental para o aumento do comércio do Brasil com os países árabes. Esse foi um dos temas tratados nesta terça-feira (04) pelo Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o vice-governador Márcio França (PSB), em encontro no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. Os embaixadores árabes realizam até esta quinta-feira (06) viagem oficial ao estado.
Diplomatas no Palácio dos Bandeirantes
“Os países árabes são grandes parceiros comerciais do Brasil. Mantemos uma corrente de comércio de US$ 20 bilhões com a região e São Paulo representa uma fatia de cerca de 30%”, afirmou o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Marcelo Sallum, ao governador. O presidente da Câmara Árabe disse também que em função de sua capacidade produtiva e de exportação o estado tem condições de expandir muito o comércio com os países árabes.
A opinião foi reforçada pelo vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi. Ele lembrou que São Paulo tem a maior diversificação econômica do Brasil e que possui tanto o agronegócio como a produção industrial desenvolvida. “São Paulo é o estado que tem maior capacidade para diversificar a exportação brasileira ao mundo árabe em função da fabricação de produtos de valor agregado”, afirmou o vice-presidente.
Alckmin e o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes e embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, também demonstraram disposição para o aumento do comércio. “Apesar de todas as crises, nossas relações seguem firmes e hoje estamos mais convocados do que nunca a estreitar essa relação econômica e também política com vocês”, disse Alzeben.
"A tendência é iniciar a recuperação da atividade econômica [do Brasil] e aqui foi destacada a diversidade da economia paulista", declarou o governador. "Estamos unidos na proposta política da paz e no avanço da nossa parceria de caráter econômico", destacou Alckmin.
França fala a embaixadores árabes
O vice-governador citou a área de gás como uma das vias pelas quais o comércio de São Paulo com os árabes pode ser aumentado. Segundo França, São Paulo absorve três quartos de todo o gás consumido no Brasil e os contratos com a Bolívia, fornecedora atual, acabam em dois anos. Ele sugeriu que os países árabes se candidatem a fornecedores de gás ao Brasil. “As commodities brasileiras vão para os países árabes e os navios voltam vazios”, afirmou.
Sallum colocou à disposição um estudo que a Câmara Árabe fez há um ano mostrando justamente como o Brasil e os países árabes podem aproveitar melhor suas rotas de comércio. O levantamento foi apresentado durante o Fórum Empresarial realizado por ocasião da Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa) no ano passado em Riad, na Arábia Saudita.
A Câmara Árabe assinou recentemente um acordo com a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, a Investe SP, e essa parceria foi citada na reunião como um importante meio para o crescimento das relações econômicas de São Paulo com os países árabes. Além de Sallum e Chohfi, participaram do encontro o diretor-geral da entidade, Michel Alaby, e o diretor de Inteligência de Mercado, Mauricio Borges.
Relações políticas
Os embaixadores árabes mostraram disposição para o crescimento das relações políticas com São Paulo e com o Brasil. O decano Alzeben pediu que o Brasil siga apoiando a causa palestina. “Jamais perderemos a esperança na paz e esperamos continuar contando com o apoio deste país amigo, o Brasil”, disse o diplomata. “O Brasil sempre teve uma posição equilibrada em relação às nossas causas e gostaríamos que continuasse exercendo essa política equilibrada”, acrescentou o embaixador do Sudão, Ahmed Yousif Mohamed Elsiddig.
O embaixador da Jordânia, Malek Twal, afirmou que o mundo árabe quer usufruir da paz como o Brasil a vive. “São Paulo é um exemplo porque abraça gente de toda parte do mundo, de todas as crenças, e todos vivem em paz”, afirmou.
O governador falou com os diplomatas árabes sobre os laços de amizade que unem São Paulo com o mundo árabe, em função da forte presença de descendentes, inclusive ele próprio. Alzeben afirmou que os árabes se orgulham de ter um governador de São Paulo descendente.