11/07/11 15h40

São Paulo prepara plano olímpico

O Estado de São Paulo

O Rio vai receber a Olimpíada de 2016. São Paulo, porém, se articula para pegar carona e lucrar com os Jogos. Um dos objetivos é servir como base para delegações estrangeiras durante o período de aclimatação no País. Mas o plano é faturar também com oportunidades de negócios, lazer e turismo na época da competição.

Para isso, a cidade conta com alguns trunfos, como a proximidade com o Rio e a infraestrutura que já dispõe e pretende melhorar até 2016. "São Paulo está entre as poucas cidades do mundo em condições de sediar grandes eventos, é isso que pretendemos explorar"", diz Walter Feldman, secretário especial de Organização de Eventos do município.

A campanha para receber delegações começará em breve, com um trabalho de apresentação da cidade a comitês olímpicos nacionais de praticamente todos os países com potencial para vir à Olimpíada. São Paulo também conta com alguns locais de treinamento como o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa e Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera, administrado pelo Estado) e planeja construir outro centro de excelência (leia ao lado).

A quantidade de leitos de hotéis (105 mil hoje,, mas que vai crescer) e o fato de o preço das diárias ser menor que o do Rio (atualmente de 40% a 45%) também contribuirão para atrair delegações. É o que acredita o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP), Bruno Omori.

"Esses fatores farão com que grandes confederações e federações a se inclinarem a não só fazerem aqui a aclimação como torneios preparatórios"", diz Omori. "E algumas seletivas olímpicas vão ocorrer em São Paulo."" Nesse caso, além da capital, cidades do interior são opção.

Porta de entrada. No período da Olimpíada, o Brasil pode receber até 300 mil turistas estrangeiros, de acordo com algumas estimativas do setor de turismo. E grande parte deles entrará por São Paulo, destino da maioria dos voos do exterior.

A ideia é fazer com que esses turistas fiquem na cidade por algum tempo ou até mesmo durante todo o período dos Jogos. "São Paulo está a 45 minutos de voo do Rio. Essa proximidade pode até manter o estrangeiro aqui. A cidade oferece opções para turismo, negócios e eventos"", afirma a presidente do Conselho de Turismo e Negócios da Fecomércio, Jeanine Pires.

Ela acha possível que São Paulo tenha de fato um papel bastante atuante durante a Olimpíada do Rio, mas faz um alerta. "São Paulo tem o nível de serviço mais alto do Brasil, mas é preciso qualificar melhor equipamentos (hotéis) e pessoal.""

Feldman está convencido de que a época da Olimpíada será uma ótima oportunidade para se fazer negócios na cidade de São Paulo. "Tem empresário que sequer assiste aos Jogos. Aproveita a época para fazer negócios. E somos um polo de negócios.""

Por conta do cargo criado pelo prefeito Gilberto Kassab há alguns meses, Feldman divide-se entre São Paulo e Londres, onde acompanha e busca aprender com os preparativos para a Olimpíada do próximo ano - os opositores consideram a missão um gasto desnecessário.

O secretário, no entanto, assegura que a experiência é válida. "A maneira como (os ingleses) planejaram e executam a Olimpíada é exemplar. É uma síntese de tudo de positivo em Jogos anteriores"", considera. "São exemplos sobre construção e aproveitamento de equipamentos e oportunidades de negócios que darão lucro à cidade e ao país. Podemos aprender com eles."