São Paulo é a porta de entrada dos investimentos no Brasil
Estado consegue manter atração de novos negócios, apesar da queda de competitividade da indústria brasileira como um todo
Brasil EconômicoSão Paulo continua sendo o estado que mais atrai investimentos no Brasil, a despeito da perda de participação do país na atração de novos negócios. A afirmação é do presidente da agência de fomento Investe São Paulo, Luciano Almeida. Ele discorda que o estado esteja perdendo participação no Produto Nacional Bruto (PIB), especialmente em relação a investimentos na indústria. “Na verdade, o Brasil como um todo não é competitivo e tem perdido investimento para outros países, mas São Paulo ainda é a porta de entrada para o investimento no país”, revela.
Almeida utiliza os dados do PIB industrial para justificar sua afirmação: em 2012, a participação da indústria paulista no PIB industrial era de 29,78% do total e, no ano passado, subiu para 32,32%. No mesmo período, a participação da indústria nacional no PIB caiu de 26,02% para 24,98%. “Isso mostra que a indústria paulista ampliou sua participação no PIB”, afirma.
Entretanto, essa participação já foi bem maior: em 2003, a indústria paulista concentrava 37,72% do PIB industrial nacional. Ou seja, em uma década houve uma queda de cinco pontos. Mas também é verdade que a participação do setor no PIB nacional era maior: 27,85% do total.
Um dos motivos que explicaria essa aparente perda de participação é o corte setorial, já que nos últimos anos projetos relacionados a bens de consumo foram os mais privilegiados. “Houve aumento de renda per capita no Nordeste e muitas indústrias iniciaram negócios naquela região para atender a essa nova demanda”, afirma Almeida.
Ainda em relação aos cortes setoriais, ele explica que a previsão de investimentos no Brasil até 2017 possui grande concentração de projetos de óleo e gás, que devem receber US$ 203,3 bilhões em investimentos. “O problema é que aqui os investimentos são contabilizados no estado de origem. Ou seja, existe um desvirtuamento, já que São Paulo possui sim grandes projetos na área, mas apenas a matriz acaba sendo contabilizada”, afirma.
Regiões mais atraentes são as melhores em logística
Almeida afirma que existe um projeto da agência de ajudar as regiões e municípios mais pobres, mas reconhece que há fatores de limitação para isso. “Um dos grandes atrativos do estado é o mercado consumidor, que fica nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, e as empresas querem estar próximas desses consumidores. Ainda assim, estamos conseguindo ampliar o raio de atuação”, explica.
O executivo lembra que o histórico do desenvolvimento industrial de São Paulo começou na capital paulista e depois foi ampliado para até 50 quilômetros da capital, alcançando a região do ABC.
“Atualmente, esse raio já atinge de 150 e 200 quilômetros da capital, onde há o equilíbrio da logística, o melhor custo-benefício em fazer investimento, ter qualidade de vida e mão de obra especializada.”
Em 2014, só com o apoio da Investe São Paulo, foram anunciados 27 projetos no estado, com investimento de R$ 3,4 bilhões. Além disso, até 30 de novembro havia 91 projetos em andamento — que podem ou não se concretizar — com potencial de investimento de R$ 10,07 bilhões.
Por conta desse volume de investimentos e o que está por vir, o presidente da agência de fomento considera o ano como “maravilhoso”, mas reconhece que começa a ter sinais importantes. “Os investimentos estão crescendo em volume, mas diminuindo de valor. A situação mundial não é boa. Hoje, os Estados Unidos são quem mais competem com o Brasil e isso afeta muito a nossa capacidade de atração de investimento”, afirma Almeida.
Ele lembra que nenhum país demonstra forte tendência de crescimento para os próximos anos: nem na Ásia, nem na Europa. “Mesmo a lógica brasileira de aproveitar a demanda do mercado interno já está comprometida. Cada vez mais os investimentos são postergados até que se tenha um cenário melhor da economia global. O mundo está de lado e isso traz uma nova realidade: uma realidade de espera.”