08/12/10 11h00

São José, da Beneficência, acirra disputa com hospitais premium

Valor Econômico

Inaugurado em 2007 pela Beneficência Portuguesa, o Hospital São José abre no próximo trimestre um novo centro de oncologia para concorrer de frente com os hospitais voltados para o público de alta renda. A primeira ação nesse sentido é a contratação do oncologista Antonio Buzaid, renomado médico do Hospital Sírio-Libanês desde 1998. A partir de março, Buzaid comandará um grupo com 70 profissionais, a maior equipe de especialistas do São José. "Queremos dobrar o nosso faturamento e a área de oncologia será a principal responsável por esse crescimento", disse Luiz Koiti, superintendente geral da Beneficência Portuguesa, que negociou durante um ano a contratação de Buzaid.

O grupo hospitalar Beneficência Portuguesa - que inclui o São José e o São Joaquim (nome oficial do hospital conhecido como Beneficência Portuguesa) - não revela a receita de cada hospital. No ano passado, o faturamento do grupo foi de R$ 454 milhões (US$ 230,5 milhões). Em 2007, quando o São José ainda não havia sido inaugurado, a receita da Beneficência somava R$ 355,8 milhões (US$ 184,4 milhões).

O São José receberá investimentos de R$ 5 milhões (US$ 2,94 milhões) no centro de oncologia, que terá apartamentos de até 75 m2. A expectativa é que sejam atendidos por ano 9,6 mil pacientes particulares ou de planos de saúde. O objetivo é que, gradativamente, o São Joaquim também tenha uma área de oncologia e concorra com o hospital A.C. Camargo no público C/D e que o São José dispute com o Sírio-Libanês na classe A/B, disse Koiti.

Voltado para o público premium, o hospital São José foi construído para que seu lucro fosse revertido para o São Joaquim, que atende 60% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por conta da defasagem na remuneração do SUS, de cada procedimento realizado na Beneficência, uma parcela do custo é paga pelo próprio hospital. A Beneficência, comandada pela família Ermírio de Moraes desde a década de 1950, atende cerca de 300 mil pacientes por meio do SUS, que representam 24% da receita.

Para mudar a atual situação, a Beneficência está investindo para aumentar o número de clientes com planos de saúde e particulares. Para isso, tem um programa, iniciado em 2010, para aplicar R$ 160 milhões (US$ 94,1 milhões) em cinco anos com a finalidade de modernizar e sofisticar sua infraestrutura e, assim, atrair esse público. Ao entrar na área de oncologia, o São José acompanha o movimento dos demais hospitais que estão investindo fortemente no tratamento do câncer.