17/12/08 10h31

Santos vai tirar pedras que limitam acesso

Valor Econômico - 17/12/2008

A "pedra no meio do caminho", imortalizada por Carlos Drummond de Andrade, tem seus dias contados no estuário de Santos. No caso, são duas. A pedra de Tefé e sua parceira Itapema, que limitam o calado do porto a 12 metros, com prejuízos à navegação, serão derrocadas mediante o emprego de moderna tecnologia para impactar o menos possível as operações do terminal e abrir caminho para embarcações maiores. Para além das pedras, há os berços do Saboó e da Alemoa e futuramente os da Embraport (Coimex), da Brasil Terminais Portuários (BTP) e de Barnabé-Bagres. Submersos, esses obstáculos praticamente cortam o estuário no sentido transversal, em dimensões desconhecidas para o interior da crosta do planeta, e após décadas de promessas serão ´fatiados´, no volume de 34 mil metros cúbicos, ao custo de R$ 38 milhões (US$ 16.5 milhões) . Obra para levar 18 meses, faz parte dos projetos de Santos para aprofundar a calha do estuário até 15 metros, cuja licitação está em curso e as propostas devem ser abertas na terça-feira. Por segurança, os cortes das pedras atingirão a profundidade de 16 metros, gabarito que norteará possíveis e futuras dragagens de aprofundamento na região. Significa que todo o estuário de Santos, nos próximos dois anos, passará por profundas modificações. Isso inclui a recuperação da profundidade de 12 metros do canal de Piaçaguera, pelo qual os navios chegam aos terminais da Cosipa e da Fosfértil, em fase de andamento, depois da perda de cerca de 2 metros pelo assoreamento e contaminação por elementos tóxicos oriundos do pólo industrial de Cubatão. A fatura total desses projetos supera os R$ 250 milhões (US$ 108.7 milhões), com R$ 168 milhões (US$ 73 milhões) das dragagens de aprofundamento e manutenção do canal do estuário e bacias de evolução de Santos, R$ 38 milhões (US$ 16.5 milhões) para a derrocamento e R$ 50 milhões (US$ 21.7 milhões) para a recuperação do canal de Piaçaguera, tocada por dois grupos privados. Como a dragagem será executada da barra para o fim do estuário, mesmo com a sua duração prevista para 11 meses, alguns terminais poderão se beneficiar desse recurso já no fim de 2009, lembra Paulino. É o caso dos terminais do corredor de exportação, que opera granéis sólidos; do Terminal de Granéis de Guarujá (TGG); e de parte do Tecon, da Santos Brasil. No corredor de exportação estão empresas como a Caramuru, Dreyfus, ADM e um grupo que trabalha com polpa cítrica. Com o atual limite de 13,5 metros de calado, os navios recebem até 80 mil toneladas no marco zero do Departamento Hidroviário Nacional (DHN). Com maré, até 110 mil toneladas. Com o aprofundamento do calado, chegarão a 130 mil toneladas no zero DHN. Para isso, caberá à Codesp também a dragagem junto aos berços do corredor.