21/06/10 11h05

Sanofi afina estratégia para Medley

Valor Econômico

A companhia francesa Sanofi-Aventis não quer ficar em uma zona de conforto. Líder em medicamentos de prescrição médica, no varejo farmacêutico (OTC) e em genéricos no Brasil, a partir da compra do laboratório nacional Medley, feita em abril de 2009, a companhia está investindo cerca de US$ 100 milhões na ampliação de duas de suas três fábricas, instaladas em Suzano, Grande São Paulo, e Campinas (SP), e vai erguer sua quarta unidade no país, em um aporte de US$ 45 milhões. Em entrevista ao Valor, Heraldo Marchezini, presidente da farmacêutica no país, disse que o grupo tem planos ambiciosos para o Brasil, que deverá se tornar até o fim de 2011 o quinto maior mercado para a Sanofi no mundo - atualmente oscila entre a sétima e oitava posição.

A aquisição da Medley, por cerca de € 500 milhões, ajudou a consolidar a liderança da companhia no Brasil. Antes da compra do laboratório nacional, a empresa tinha uma participação pequena em genéricos. Agora, a Medley deverá ser o guarda-chuva da companhia francesa para sua expansão na América Latina. Para tocar os negócios da Medley no Brasil, a Sanofi repatriou o executivo Décio Decaro, que presidia a Sandoz, braço genérico da suíça Novartis, na Espanha, que chega à companhia em julho.

Com posição consolidada em vários segmentos no país, a empresa está investindo US$ 45 milhões para erguer sua quarta fábrica no país para produzir hormônios genéricos. A unidade será construída em Brasília e deverá entrar em operação a partir de 2012, podendo exportar para países da América Latina. Outros US$ 100 milhões estão sendo aplicados desde o ano passado para ampliar a produção das unidades de Suzano, que pertence à Sanofi, e a de Campinas, absorvida com a Medley.

A unidade de Suzano já é a maior da Sanofi no mundo e junto com a de Campinas produzirão cerca de 450 milhões de caixinhas de medicamentos, dos quais de 10% a 15% são exportados. O país já possui a segunda maior produção industrial em volume do grupo, atrás da matriz francesa. A companhia possui um centro de desenvolvimento em Suzano e outro em Campinas, com equipes trabalhando na extensão de linha de produtos da Sanofi. Com receita bruta de R$ 4,03 bilhões (US$ 2,24 bilhões) no Brasil, que inclui oito meses de operação da Medley, cerca de 95% dos medicamentos que a companhia comercializa no mundo já perderam a patente. O faturamento global do grupo atingiu € 29,3 bilhões.

Apesar de trabalhar com medicamentos que já não possuem patentes, a companhia mantém pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para lançamento de novos produtos. A empresa tem entre seus medicamentos mais vendidos, produtos de inovação e os remédios maduros, como o Dorflex, por exemplo, líder no país. Com liderança global em vacinas, a farmacêutica mantém no Brasil, por meio da Sanofi Pasteur, acordos de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan para a vacina da gripe suína H1N1. "O mercado de vacinas no mundo cresce acima de dois dígitos. No Brasil não é diferente. Vamos fazer estudos clínicos no país para a vacina da dengue", disse Marchezini.