Saab conclui a compra de 15% da brasileira Akaer e pode chegar a 40%
Valor EconômicoA companhia sueca Saab, fabricante do caça supersônico Gripen, concluiu o acordo com a brasileira Akaer para a aquisição de 15% do seu capital. O valor da operação não foi revelado.
A assinatura do acordo entre as duas empresas acontecerá amanhã, durante a Laad Defence & Security, feira dos setores de defesa e segurança no Rio de Janeiro.
O Saab havia feito aporte de recursos na Akaer, equivalente a participação de 15%, em maio de 2012, mas não incluía a conversão em ações. A operação, um empréstimo conversível em ações, prevê que o limite de participação da Saab na Akaer seja de 40%. Assim, a empresa garante que o controle da companhia continue sendo nacional, não afetando desta forma a sua classificação como Empresa Estratégica de Defesa (EED).
A participação da Saab na Akaer, segundo o presidente da brasileira, César Augusto da Silva, vai acelerar o projeto de se tornar uma fornecedora mundial de nível um em um mercado que movimenta mais de US$ 26 bilhões por ano. "O Brasil tem hoje menos de 1% de participação neste mercado de aeroestruturas, mas com o fortalecimento da Akaer e o envolvimento da cadeia aeroespacial brasileira, o país teria potencial para exportar US$ 5 bilhões em 10 anos", disse.
Para isso, Silva afirma ser fundamental que o país tenha uma política de desenvolvimento industrial que crie condições para a indústria nacional ser mais competitiva e capacitada.
A Akaer participa no desenvolvimento de aeronaves da Embraer e Helibras. Também exporta serviços de engenharia para a belga Sonaca, a espanhola Aernnova e a francesa Latecoere.
"A Akaer está prestes a se tornar a primeira empresa aeroespacial e de defesa brasileira fornecedora de soluções tecnológicas integradas para o mercado global", disse. A parceria com a Saab, segundo Silva, permitirá ainda à Akaer participar dos projetos internacionais da companhia sueca, que já é fornecedora de empresas como a Airbus e Boeing.
Parte do plano da Akaer para se transformar em uma empresa integradora global está sendo viabilizado também com o apoio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que aprovou um investimento de R$ 40 milhões no âmbito do programa Inova Aerodefesa.
Desde a entrada da Saab na companhia, em 2012, a Akaer multiplicou por três o número de funcionários, que hoje é de 300 pessoas. O faturamento subiu de R$ 17 milhões para R$ 50 milhões. Para este ano a previsão é que a receita atinja R$ 70 milhões. Desse total, os contratos com a Embraer respondem por 60%.
A nova sede da empresa, que provavelmente será construída em São José dos Campos, vai concentrar as áreas de engenharia, manufatura e um centro de pesquisa e desenvolvimento.
A Akaer foi a primeira empresa brasileira a participar do desenvolvimento do Gripen e isso aconteceu bem antes da FAB selecionar o caça, em outubro. O Saab contratou a Akaer em 2009 para desenvolver parte da fuselagem do avião. Hoje a Akaer é responsável pelo desenvolvimento de toda a fuselagem da aeronave, além das asas e da porta do trem de pouso.
Além da parte de engenharia do Gripen, a Akaer vai atuar no planejamento de produção dos aviões, da cadeia de suprimentos e qualidade.