11/06/13 15h20

Rivais se unem em prol de indústria de biocombustíveis

Brasil Econômico

Boeing, Embraer e Fapesp elaboram relatório que indica caminhos para a produção de combustíveis sustentáveis para aeronaves


Boeing, Embraer e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo) se uniram e elaboraram relatório que aponta os rumos para o desenvolvimento no Brasil de uma indústria de biocombustíveis para aviação comercial. O documento, chamado de “Plano de Voo para Biocombustíveis de Aviação no Brasil: Plano de Ação”, é resultado de uma série de oito workshops realizados entre maio e dezembro de 2012, e que envolveu a indústria, companhias aéreas, universidades e institutos de pesquisa.


“Sabemos que o impacto da aviação mundial será maior nos próximos anos. Hoje, temos quase 20 mil aeronaves. Para 2030, estãoprevistas40mil. Ouso dos biocombustíveis também ajudaria a alcançar as metas estabelecidas para o meio ambiente”, afirma Donna Hrinak, presidente da Boeing Brasil.


A previsão da indústria de aviação é manter crescimento neutro das emissões de carbono até 2020 e reduzir50% das emissões até 2050.


A principal vantagem do Brasil é que o país possui variedade de possíveis matérias-primas para uso como combustível nas aeronaves. Segundo Donna, o desafio seria, então, avaliar quais os sistemas logísticos mais eficientes e economicamente viáveis.
“Poderia haver até uma regionalização da utilização, pois no país as fontes para o biocombustível podem ser cultivadas em diferentes regiões”, explica.


A experiência brasileira na área de biocombustíveis também é apontada como fator que pode propiciar o rápido crescimento desta indústria que, na avaliação de Luiz Augusto Cortez, da faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp,” já nasce líder”. Cortez coordenou os workshops que culminaram no estudo. A expectativa é que a indústria leve de dez a 15 anos para se estabelecer.


“Há dez anos não imaginávamos usar os biocombustíveis para a aviação. Em dez anos,  olharemos para uma indústria consolidada”, declara Donna, acrescentando que a utilização do biocombustível não implicaria na mudança das turbinas dos aviões.


Apesar dos pontos positivos para a criação de uma indústria de biocombustíveis para aeronaves no Brasil, alguns desafios ainda precisam ser superados, destaca o relatório. Entre eles, estão o preenchimento de lacunas de pesquisa e desenvolvimento na produção de matérias-primas sustentáveis; incentivo à superação de barreiras de tecnologia de conversão, incluindo questões de aumento de escala e a criação de uma estratégia nacional para fazer do Brasil um país líder no desenvolvimento de biocombustíveis de aviação.


“O relatório apenas dá recomendações nas áreas de ciência, tecnologia e política para impulsionar a criação de uma indústria. Em breve, teremos um documento mais completo. É preciso que as empresas aéreas, o setor aeronáutico, pesquisadores e governo continuem a trabalhar juntos”, ressalta Cortez.


De acordo com ele, as pesquisas continuarão a ser feitas por diversos grupos, não havendo ainda um laboratório específico. “A Boeing está comprometida a continuar o trabalho com Embraer, Fapesp e companhias aéreas para desenvolver tecnologias que possam ser usadas em escala global”, diz Donna.