Rimowa produz malas de luxo no interior de SP
Valor EconômicoA alemã Rimowa está, nesta semana, enviando um lote de malas modelo Bossa Nova de sua fábrica em Indaiatuba (SP) para um contêiner rumo a Hong Kong. A líder mundial em malas e bagagens de luxo instalou no Brasil uma plataforma de exportação para América Latina e mercados emergentes.
Fundada em 1898 pelo artesão Paul Morszeck e dona da mala de alumínio eternizada nas telas do cinema pelo agente 007, a Rimowa investiu € 10 milhões na nova fábrica, que já está operando mais ainda não foi oficialmente inaugurada. Ela substituiu uma montadora que a Rimowa tinha no país desde 2011, também em Indaiatuba. "Antes importávamos as peças e apenas montávamos as malas aqui. Agora, passamos a executar todo o processo", diz Sérgio Barreto, executivo da Rimowa no Brasil.
Quando estiver operando a plena carga, quatro linhas de produção darão conta de uma fornada anual de 75 mil malas, das quais 60 mil irão para o mercado externo. Na montadora anterior, eram produzidas 15 mil unidades e havia 17 funcionários. A atual emprega 50.
Fazer no Brasil malas que podem passar por até 90 etapas de produção, levar mais de 150 componentes e custar até R$ 15 mil, foi um desafio a que se propôs o dono da Rimowa, Dieter Morszeck, da terceira geração da empresa que nasceu e segue familiar, com faturamento anual de € 300 milhões. Morzeck mora em Colônia, cidade alemã onde está sediada a empresa, fala português e visita o Brasil com frequência.
Incentivado por Barreto, que desde 2011 toca a operação no Brasil e países vizinhos, Dieter acreditou que, ao produzir aqui, poderia vencer a barreira dos preços. Os impostos de importação chegam a encarecer o produto em até 50%, o que tornava pouco sedutor ao freguês brasileiro comprar no país, onde a Rimowa se instalou desde 2007, com sua primeira loja. Hoje são sete unidades, além da loja virtual. No mundo, somam 106. Depois da China, com 25 unidades, e de Taiwan (14), o Brasil é o terceiro em número de lojas. "Concorríamos entre nós, já que o cliente preferia comprar lá fora, durante uma viagem", diz Barreto.
Assim que a Rimowa passou a produzir aqui os preços se tornaram mais acessíveis. E, com a vantagem ainda, lembra ele, de que no Brasil a compra pode ser parcelada. No exterior, não. "Quando passamos a montar as malas aqui, o preço de uma mala de bordo caiu de R$ 1.920, para R$ 900", lembra Barroso. Hoje, depois de três anos, está 1,2 mil.
Para montar a fábrica e garantir a mesma qualidade, a Rimowa importou o maquinário de países da Europa e do Canadá, os moldes da matriz e seguiu comprando as peças de exclusivos fornecedores mundiais. O zíper das malas, capaz de aguentar a pressão de 110 quilos, vem da Itália, o tecido que reveste o interior da mala, da República Tcheca; a alça, da Dinamarca. As rodinhas, com rolamento e giro de 360ºC, são francesas. O policarbonato é importado da Suécia e o alumínio, da Alemanha.
Na fábrica brasileira, serão produzidos dois modelos, Bossa Nova e Salsa Air, de policarbonato. Demais modelos, como os de alumínio, serão apenas montadas com os kits que vêm da Alemanha.
Em sua estratégia, a Rimowa decidiu implantar fábricas em Praga e Toronto, além de Colônia, onde está a matriz. Os planos para o Brasil são de continuar expandindo, com abertura de lojas próprias. Além das seis atuais, uma unidade outlet será aberta até o fim do ano no shopping Catarina, em São Paulo. Ali serão vendidas coleções descontinuadas. E ano que vem desembarca em Belo Horizonte. "Os planos são de abrir pelo menos mais três lojas, sendo duas delas no Nordeste, onde ainda não estamos presente", diz.