Rhodia planeja dobrar exportação a partir de SP
Valor EconômicoA Rhodia, fabricante de especialidades químicas que integra o grupo Solvay, vai ampliar as exportações de plásticos de engenharia produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), numa tentativa de compensar os impactos negativos da crise econômica nas vendas ao mercado doméstico. Até o fim do ano, a meta é embarcar 40% da produção local de plásticos, praticamente o dobro do volume exportado em 2015, explica o diretor de Plásticos de Engenharia para as Américas do grupo, Marcos Curti.
Um dos principais fatores que levaram a Rhodia a acelerar o ritmo das exportações desses compostos, a partir do ano passado, foi o declínio acentuado da produção de automóveis no Brasil. Plásticos de engenharia são produtos da cadeia da poliamida e substituem metais em diferentes aplicações com vistas à redução de peso e melhoria de design. Além de carros, produtos eletroeletrônicos e outros bens de consumo levam esse tipo de material.
No país, a Rhodia pode produzir cerca de 50 mil toneladas por ano desses compostos e estima em 40% sua participação, o que a coloca na liderança de um mercado que movimenta cerca de 70 mil toneladas por ano. "É muito melhor vender no Brasil, também por questões logísticas", diz Curti. "Mas a indústria automobilística vai mal, então fomos buscar caminhos para compensar em parte a queda no Brasil", acrescenta.
Ao longo de quatro anos, conta o executivo, a fábrica paulista recebeu investimentos de R$ 20 milhões para prepará-la para atender a uma produção local da ordem de 4 milhões a 5 milhões de carros em 2017 ou 2018. Com a crise, porém, a indústria automotiva produziu menos de 2,5 milhões de unidades no ano passado. Naquele momento, as exportações representavam apenas 10% da produção. "O que fizemos, então, foi acelerar os embarques", diz Curti.
Até 2014, o foco das vendas externas de compostos produzidos na unidade brasileira - o grupo conta com outras cinco fábricas de plásticos de engenharia, instaladas em outras regiões do mundo - estava em países das Américas, entre os quais Estados Unidos, Argentina, México e Venezuela. Com o novo direcionamento, o produto brasileiro deve chegará também a clientes da Índia, Irã, Turquia, Coreia do Sul e China, mercados que até então não receberam plásticos de engenharia da Rhodia no Brasil de maneira sistemática.
Com os investimentos realizados no passado, a fábrica brasileira igualou-se às unidades da França e da Coreia do Sul como plataforma de exportação do grupo. O principal desafio, conforme o executivo, é mostrar aos clientes internacionais que as exportações não são apenas oportunistas, decorrentes de um mau momento no mercado doméstico, e estão inseridas em uma estratégia de negócios mais ampla e duradoura.
Com pequenos investimentos, acrescenta Curti, a Rhodia poderá ampliar em até 20% a capacidade instalada em São Bernardo, caso haja demanda a ser atendida. "Mas primeiro vamos consolidar a estratégia de exportação", pondera. No ano passado, o grupo Solvay registrou vendas líquidas de € 12,4 bilhões em todo o mundo. A área de químicos de performance, que é formada pelos negócios com nylon e plásticos de engenharia, respondeu por 30% do resultado operacional consolidado.